O diretor-adjunto afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Milton Campana, confirmou na tarde desta quarta-feira (3) que a instituição colaborou com a Polícia Federal (PF) nas investigações da Operação Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas.
“Ele [delegado Protógenes, responsável pela Operação] perguntou se podia contar com o apoio da Abin sobre consultas de endereços, de bancos de dados, de pessoas com nome no Serasa ou que estão sobre julgamento. Veio ao meu conhecimento essa necessidade de cooperação em uma operação. É uma coisa absolutamente normal”, definiu.
A confirmação, no entanto, não satisfez o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). O parlamentar questionou ainda se a colaboração foi documentada. “Gostaria de saber em que nível de ‘informalização’ foi realizado”, perguntou Pellegrino. “O senhor deputado Marcelo Itagiba [PMDB-RJ] já havia perguntado sobre autorização. Foi uma autorização verbal. A solicitação foi feita verbalmente à Superintendência do Rio de Janeiro e o pedido chegou a mim. São coisas que funcionam concomitantemente”, respondeu.
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“O compartilhamento de dados é essencial. Mas uma coisa é o compartilhamento de informações, outra coisa é o compartilhamento de pessoal para uma operação. É uma coisa que precisamos no futuro definir”, rebateu Pellegrino.
Segundo Campana, a lei que cria Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) permite que a Abin colabore com o trabalho de outros órgãos. “O Sistema congrega o departamento da Polícia Federal. As atividades do Sistema são permanentes. Trocamos apoio com a PF”, afirma.
Em relação a possíveis disputas entre a Polícia Federal e Abin, que tem causado uma suposta crise institucional entre os Poderes, Campana disse desconhecer qualquer possibilidade de tensão entre os dois órgãos. “Não há disputa alguma. As relações são de cooperação”, disse. (Renata Camargo)
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