Se depender do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, vai ganhar um papel de mais destaque no governo. A incompetência dos líderes petistas no Congresso e a insatisfação da base aliada aumentaram a importância de Renan como articulador. Só falta Dirceu convencer o presidente Lula a enfrentar a resistência petista para levar Renan oficialmente para o governo.
A idéia de reforçar a equipe do governo com o senador alagoano surgiu devido ao enfraquecimento do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em função do escândalo do ex-assessor da Presidência da República, Waldomiro Diniz. A fragilidade de Dirceu bagunçou o relacionamento do governo com o Congresso. O ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, não consegue ter a mesma desenvoltura de Dirceu antes do caso Waldomiro.
Para piorar ainda mais, o desempenho do líder do governo na Câmara, Miro Teixeira (sem partido-RJ), é classificado como péssimo no próprio Palácio do Planalto. Amigo de Lula, Miro não mostrou até agora capacidade de coordenar a base aliada e raramente é visto defendendo o governo.
A importância de Renan poderá ser avaliada hoje, quando duas autoridades do governo comparecem ao Congresso para se explicar, o que vai exigir grande capacidade de articulação da base aliada para evitar novos sinais de fragilidade e nova crise.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, terá de explicar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado a política econômica, o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as taxas de juros. A audiência ainda não está marcada. Já o ministro do Planejamento, Guido Mantega, falará hoje na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização sobre o contingenciamento de R$ 4 bilhões do Orçamento.
O depoimento mais aguardado, porém, é o do presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, convocado para explicar, na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, a prorrogação do contrato da instituição com a Gtech.
Na Polícia Federal, executivos da empresa afirmaram que Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, tentou obter vantagens com essa negociação em favor de um empresário ligado a Palocci, o ex-assessor da prefeitura de Ribeirão Preto (SP) Rogério Buratti.
Como se não bastassem todos esses problemas, votações estão paralisadas no Congresso porque a memória dos acordos do governo com parlamentares para liberação de verbas se perdeu com a saída de Waldomiro Diniz do Palácio do Planalto.
Deixe um comentário