De acordo com Dilma, Cunha é a “pessoa central” da gestão Temer, o que ficou claro, na avaliação dela, com a indicação de André Moura (PSC-SE) para o posto de líder do governo na Câmara. “Cunha não só manda, ele é o dono do governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha. Vão ter que se ajoelhar”, enfatizou.
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Segundo ela, as tentativas de barrar a Operação Lava Jato ficaram claras nas conversas divulgadas entre Sérgio Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República José Sarney. “Eles (áudios) mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a sangria continuaria”, disse em referência à fala de Jucá. Ministro do Planejamento, ele teve de deixar o cargo após a divulgação do diálogo em que ele defendia a troca do governo e um pacto para “estancar a sangria” da Lava Jato.
Impeachment
Dilma voltou a dizer que se sente traída pelo seu vice em razão do impeachment. “Óbvio. E não foi no dia do impeachment, foi antes, em março. Quando as coisas ficaram claríssimas”, afirmou. “Você sempre acha que as pessoas têm caráter”, emendou.
A presidente afastada voltou a caracterizar o processo de impeachment como “golpe” e avaliou como possível a sua volta à Presidência. “Nós podemos reverter isso. Vários senadores, quando votaram pela admissibilidade, disseram que não estavam declarando (posição) pelo mérito (das acusações). Então eu acredito”, afirmou. “Sinto muito, sabe, sinto muuuuuito se uma das características do golpe é detestar ser chamado de golpe”, acrescentou Dilma ao reforçar que não aconteceram crimes de responsabilidade durante sua gestão.
Governo Temer
As propostas feitas pela equipe econômica de Temer também foram alvo de críticas da petista. Dilma ironizou: “O pato tá calado, sumido. O pato está impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é?”. A presidente afastada contou por que não chorou ao deixar o Palácio do Planalto: “Eu não choro, não. Nas dores intensas, eu não choro. Cada um é cada um, né?”.
Mas, para o Congresso, a análise sobre as medidas para recuperar a economia, divulgadas por Temer, tem sido positiva. Como ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto, Michel Temer vai aumentar a confiança do mercado no governo (77%), melhorar as relações com o Congresso (70%), iniciar a recuperação da economia (59%) e reunir apoio político suficiente para aprovar todas as suas propostas econômicas (56%).
Tais conclusões e os respectivos percentuais foram levantados pela agência de comunicação e consultoria estratégica InPress Oficina, de Brasília. Para chegar a esses resultados, a empresa – integrante do Grupo In Press – ouviu 36 lideranças, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, entre os últimos dias 16 e 18, em parceria com o Congresso em Foco.
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