Cerca de 70 pessoas estavam na portaria do Alvorada, por volta das 9h20, quando a presidente deixou o local com destino à Base Aérea de Brasília. Ela viajou nesta manhã para Nova York, onde vai participar da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima.
Antes do embarque, parte dos manifestantes gritava palavras de ordem em defesa de Dilma como “Dilma, guerreira, do povo brasileiro”. Uma das presentes comentava com outra a decisão dos deputados de aprovar a abertura do processo de impeachment: “A própria Câmara se denunciou para o mundo. É uma chacota geral”.
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Para o funcionário público Vinícios Vitoi, 54 anos, os grupos presentes acreditam no governo de Dilma e temem que após uma “fase de expansão econômica” haja novamente um período de “concentração de renda”.
“Os políticos não representam mais o povo, representam interesses econômicos de grupos poderosíssimos que os colocaram lá. Os deputados e senadores fazem leis que beneficiam a eles mesmos; as regras de funcionamento do Congresso são eles que criam, e assim vai a carruagem. São pessoas que se perpetuam ali há décadas”, afirmou Vinícius, que disse não ser filiado a nenhum partido político.
Quando Dilma entrou no helicóptero, os gritos de apoio aumentaram: “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Após o embarque, a aeronave sobrevoou próximo aos manifestantes e foi possível ver Dilma acenando de uma das janelas. Depois, eles participaram de um café da manhã coletivo no estacionamento do Alvorada.
De acordo com Fátima de Deus, 62 anos, que é fundadora do PT em Brasília, o evento foi avisado a funcionários do Palácio do Planalto. “Nós queríamos estar juntos nesse dia de aniversário de Brasília, na casa dela, projetando uma energia boa para ela. Nós estamos aqui dizendo para ela que a apoiamos, e vamos lutar por ela”, explicou.
Bandeiras e camisetas de apoio a Dilma e do PT foram levadas pelos manifestantes. Algumas faixas exibiam mensagens de solidariedade a Dilma e fazendo menções ao “golpe” e a períodos dos anos 1980 e 1990, quando “bandidos de colarinho branco não iam para a cadeia” e houve “fome e supermercados saqueados”.
A advogada Ana Luzia Reis, 58 anos, acredita que o apoio popular pode fazer com que a situação de Dilma seja revertida no Senado. “A primeira coisa é nos unir contra o ódio. Depois, mostrar que nós, que temos um ideal, temos que defender esse país contra influência de pessoas que querem destruí-lo. Eu não acredito em dificuldade, eu acredito em vitória. A força do bem, da justiça e da democracia é que vai vencer”, afirmou Ana.
Na opinião da psicóloga Marlene dos Santos Pessoa, 68 anos, que também não é ligada a partido político, as falas dos deputados na votação do último domingo (17) não mencionaram as “pedaladas”. “Eu sou muito esperançosa. O que a gente está vendo são aberrações. Está todo mundo, mesmo quem é do lado do golpe, está entristecido de ver um Congresso totalmente comercial. Cada um querendo tirar o seu quinhão”, disse.
Denominado “Abraçaço na Dilma e na democracia”, o evento foi agendado nas redes sociais e recebeu apoio de uma empresa de refeições que, segundo os organizadores, cobrou um valor mais baixo como forma de colaborar com o ato. Outros levaram comida e, após a confraternização, cantaram Parabéns para Você em homenagem à capital federal.
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