Thomaz Pires
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que tem “todas as credenciais” para disputar o cargo. Ela listou as funções que já ocupou em diferentes governos ao comentar as críticas feitas pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que ainda postula concorrer à sucessão do presidente Lula.
Na semana passada, Ciro disse que o pré-candidato tucano, José Serra, era mais preparado do que ela para a disputa, por já ter sido governador, prefeito e ministro.
“Reitero tudo o que disse do Ciro Gomes. Eu o respeito, eu tenho admiração, tenho amizade pelo Ciro Gomes. Opinião dele é opinião dele. No que se refere à posição do Ciro Gomes, não tenho o que comentar. Acho que o Ciro Gomes tem a razão dele, para dar a opinião dele. Da minha parte acho que tenho todas as credenciais para ser candidata a presidente da República”, disse.
Dilma concedeu entrevista durante o Encontro Estadual do PT, na quadra da Portela (Madureira, zona norte do Rio). Ao ser perguntada sobre as declarações de Ciro, ela afirmou ter “experiência em todos os três níveis da Federação”.
Citou ter sido secretária de Fazenda de Porto Alegre, duas vezes secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil.
“Além disso, participei de todas as grandes lutas políticas do país”, disse, dando como exemplo a “resistência à ditadura”, a campanha pelas eleições diretas e o movimento pela Anistia.
Ela ainda ressaltou ter coordenado “os principais os programas de governo do presidente Lula”. “Então, eu tenho a minha experiência política. (…) É assim que vou me apresentar [ao eleitorado, na campanha”, acrescentou.
Em discurso de 20 minutos, Dilma, sem citar nomes e datas, atacou os dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que antecederam o primeiro de Lula. Ela referia-se, de modo indireto, às privatizações.
“Nós não fugimos da luta, não esmorecemos e não entregamos os pontos. Não pensem que nos atemorizam. Não somos daqueles que entregam o seu país, seu Estado, seus municípios.”
No pronunciamento, sempre buscou vincular-se a Lula. “Diziam que o presidente Lula não saberia governar porque não tinha diploma universitário. Eles nunca entenderam que o presidente Lula tem diploma de Brasil, pós-graduação em democracia e é doutor em desenvolvimento econômico e social.”
Sobre a definição de qual palanque ocupará no Rio, ela disse que será o do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), candidato à reeleição com o apoio do PT, confirmado neste domingo no encontro.
“O palanque do Sérgio Cabral é o único palanque do Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro”, disse, ao lado do governador.
A se confirmar o que disse, ela não participará da campanha do ex-governador Anthony Garotinho (PR), que a apoia.
Antes de ir à Portela, ela conversou em Ipanema (zona sul) com 20 artistas e intelectuais sobre ações culturais caso eleita. Estiveram presentes os músicos Wagner Tiso, Rildo Hora e Marquinhos de Oswaldo Cruz, a atriz Cristina Pereira, o artista plástico e letrista Xico Chaves e os cineastas Hugo Carvana e Silvio Tendler, entre outros.
Ela disse aos participantes que sua aproximação com a cultura se dá “através dos olhos”, em referência ao fato de apreciar artes plásticas, teatro e literatura.
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