Será como entrar na jaula dos leões sem ter certeza do potencial de comando do chicote. Ao chegar ao Senado nesta terça-feira (13) para participar da homenagem ao Dia Internacional da Mulher (comemorado no dia 8 de março, última quinta-feira) e receber o Prêmio Bertha Lutz 2012, a presidenta Dilma Rousseff terá uma dimensão sobre se conteve ou não a rebelião da base aliada, especialmente do PMDB. No mesmo dia em que Dilma estiver sendo homenageada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estará na Comissão de Assuntos Econômicos. Oficialmente, para falar da economia do país. Mas certamente Mantega terá que dar explicações sobre temas polêmicos, como a crise no Banco do Brasil e na Previ. A soma dos dois eventos será o grande teste do governo. O que vai prevalecer: os aplausos a Dilma ou as perguntas duras a Mantega?
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Se vencer, como o Palácio do Planalto acredita, os aplausos à presidenta, Dilma terá vencido na maior demonstração até agora da diferença do seu estilo de governar na relação com os partidos da sua base de sustentação e na forma como ela pensa a coalizão de governo. A insatisfação dos aliados, em especial os peemedebistas, ficou escancarada na última quarta-feira (7), quando os senadores rejeitaram a recondução de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para Dilma, ficou claro que a derrota na ANTT não foi um acidente, mas algo tramado pelo então líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Há tempos, o PMDB como aliado trabalha com a estratégia de dar às vezes sustos no governo quando avalia que não está sendo atendido como gostaria. Até agora, a tática dava certo. Como Dilma, não surtiu efeito: em retaliação à derrota, ela tirou Jucá da liderança do governo e colocou em seu lugar Eduardo Braga (PMDB-AM).
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A avaliação no Palácio do Planalto é que Jucá (RR) foi no mínimo passivo diante da movimentação de colegas do partido para barrar a recondução de Bernardo Figueiredo. A julgar pela avaliação da rotina comum do PMDB, alguns vão mais longe: ele teria atuado nos bastidores para garantir os votos secretos suficientes para mandar um recado a Dilma.
A insatisfação da base aliada no Congresso com a atuação de Dilma Rousseff ocorre já há alguns meses. Mas ganhou contornos mais vívidos na semana passada. Em comum, deputados e senadores reclamam da falta de interlocução com o Palácio do Planalto. Também questionam a não liberação de emendas parlamentares e a demora na nomeação de indicados de segundo escalão. O que os peemedebistas buscavam era criar um fato que servisse para Dilma como demonstração dessa insatisfação. Imaginavam que, diante da derrota, ela recuaria, chamaria os partidos para conversar e cederia às suas reivindicações.
Disputa interna
Ocorre, porém, que Dilma, em avaliação feita com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, resolveu pagar para ver. Isso porque as duas percebem que os líderes dos rebeldes no PMDB talvez não tenham hoje exatamente toda a liderança junto à bancada do partido como apregoam. Uma disputa interna no PMDB será aproveitada por Dilma para não ceder à chantagem. Os grupos que comandam o partido, tanto na Câmara como no Senado, estão sendo contestados pelos seus pares. Deputados e senadores reclamam que eles ultimamente estariam negociando apenas para os seus próprios propósitos, e não para toda a bancada. Por conta dessa situação, haveria internamente no PMDB um clima de insatisfação que tornaria tais lideranças relativas. No Senado, os líderes contestados seriam o trio formado por Sarney, pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) e Jucá. Na Câmara, especialmente a dupla Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido, e Eduardo Cunha (RJ).
Foi a aposta no desgaste desses líderes que levou à indicação de Eduardo Braga para líder do governo. Na última sexta-feira (9), ele teve uma reunião com Ideli Salvatti. Na conversa, o assunto central foi a disputa interna na bancada.
Segundo Braga, pelo menos metade dos senadores do PMDB já não se sentiriam representados pela liderança de Renan Calheiros. A situação seria parecida com o que se sente na Câmara, com Henrique Alves e Eduardo Cunha. Braga conseguiu convencer Ideli que, para unir a maior bancada do Senado, era preciso mudar as peças. Na sexta-feira ficou tudo acertado: o ex-governador do Amazonas assumiria o cargo.
O martelo foi batido por Dilma após uma longa reunião ontem (12) com Calheiros. Por quase duas horas, ela e o senador alagoano colocaram em pratos limpos a situação no Senado. A presidenta se comprometeu a ouvir e receber mais os senadores. Mas com um outro líder do governo.
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