Para Dilma, a história de Niemeyer “não cabe nas pranchetas”. “Foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva”, escreveu a presidenta.
O corpo de Niemeyer será velado esta tarde em Brasília, no Palácio do Planalto, edificação projetada pelo próprio arquiteto. Há pouco foi celebrada uma missa, restrita à família, no hospital onde ele estava internado. O enterro está previsto para amanhã, no Cemitério São João Batista, no Rio.
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Considerado o maior arquiteto do Brasil e um dos mais importantes do mundo, Niemeyer completaria 105 anos no próximo dia 15. Apesar da idade avançada, ainda trabalhava. Além do Planalto, outros cartões-postais de Brasília tiveram a assinatura do arquiteto, como o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, a Catedral Metropolitana e o Palácio da Alvorada.
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, também divulgou nota em que lamenta a morte do arquiteto Oscar Niemeyer e decreta luto oficial de sete dias.
“Brasília chora por Niemeyer o mesmo choro sentido e saudoso dos órfãos. Pois é assim, filha, que a cidade sempre se sentiu em relação a Oscar. Nosso espírito urbano é tão forte e peculiar quanto as curvas que domam o concreto e se vestem do céu azul do cerrado”, afirmou. “Hoje é dia de tristeza, mas é também o dia de bradarmos que devemos a este grande brasileiro o legado de preservá-la”, acrescentou.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também decretou luto oficial, mas por três dias. Para Eduardo Paes, Niemeyer foi um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo, um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte. “Ele construiu marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país. Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial”, declarou o prefeito na nota.
Leia a íntegra da nota divulgada por Dilma:
“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”, dizia Oscar Niemeyer, o grande brasileiro que perdemos hoje. E poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele.
A sua história não cabe nas pranchetas. Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva.
Da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária. “Minha posição diante do mundo é de invariável revolta”, dizia Niemeyer. Uma revolta que inspira a todos que o conheceram.
Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança.
O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”
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