A presidenta Dilma Rousseff lamentou por meio de telegrama a morte do jornalista Ivan Lessa, na última sexta-feira (8), na sua casa em Londres. Lembrando o engajamento de Lessa na “resistência democrática”, por meio de sua atuação no extinto periódico Pasquim, Dilma classificou-o como “um escritor indomável”, entre os “cronistas mais talentosos” que o Brasil já teve.
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“[…] irônico, mordaz, provocador, iconoclasta e surpreendentemente lírico – acima de tudo brilhante no trato com as palavras”, diz trecho do sucinto telegrama assinado pela presidenta (confira abaixo a íntegra).
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De acordo com informações de sua viúva, Elizabeth, Lessa sofria de problemas respiratórios graves, mas ainda não está confirmada a causa da morte. Depois de 39 anos de convivência, ela encontrou o marido morto em seu escritório na noite da última sexta-feira, ao chegar em casa. Também não há data ou local definidos, mas o corpo Lessa, que tinha 77 anos, será cremado em Londres, onde o jornalista vivia desde 1978.
Filho dos escritores Orígenes e Elsie Lessa, Ivan Lessa era colunista da BBC Brasil desde janeiro de 1978, quando saiu do Brasil para se radicar na capital inglesa. Leia aqui a última coluna, publicada no dia da morte. Segundo a BBC, nos últimos meses o jornalista não estava mais conseguindo ir à redação onde produzia três crônicas semanais.
Um dos fundadores do Pasquim, junto com gente do porte de Millôr Fernandes, Ziraldo e Jaguar, Lessa concebeu um personagem inspirado em Sigmund Freud que, caindo nas graças do público, tornar-se-ia o mascote da publicação: o ratinho Sig. Trabalhou na TV Globo e foi colaborador de importantes órgãos de imprensa brasileiros – entre eles os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil e as revistas Senhor e Playboy. É autor de três livros: Garotos da Fuzarca (1986), Ivan Vê o Mundo – Crônicas de Londres (1999) e O Luar e a Rainha (2005). Nascido em São Paulo em 9 de maio de 1935, deixa órfã a única filha, Juliana.
Confira a íntegra do telegrama de Dilma:
“Ivan Lessa foi um escritor indomável. Foi irônico, mordaz, provocador, iconoclasta e surpreendentemente lírico – acima de tudo brilhante no trato com as palavras. Sua contribuição à resistência democrática está registrada nas páginas do Pasquim, um espaço de liberdade e crítica que Ivan e seus companheiros souberam abrir, com humor e astúcia, para toda uma geração de brasileiros, num momento em que isso parecia impossível. O Brasil perde um de seus cronistas mais talentosos.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”