A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse há pouco que se orgulha de ter mentido enquanto esteve presa, em Porto Alegre, durante a ditadura porque ajudou a salvar vida de companheiros perseguidos pelos militares.
Ao iniciar sua exposição na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, onde foi convocada para falar sobre o andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma se emocionou ao rebater a declaração feita instantes antes pelo líder do DEM, José Agripino (RN).
Agripino fez referência a entrevista dada pela ministra a uma revista em que ela dizia ter “mentido muito” na prisão. Na seqüência ,o líder do DEM disse temer o retorno de um “Estado policialesco”, em que a mentira prevaleça.
Dilma ressaltou que foi torturada ao longo dos três anos em que esteve presa e que não há espaço para a verdade na ditadura. “Não havia possibilidade de diálogo civilizado. Qualquer comparação só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos, fui para cadeia durante três e fui barbaramente torturada”, declarou visivelmente emocionada.
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Sob aplausos de senadores da base aliada, a ministra continuou: “Me orgulho muito de ter mentido, pois mentir na tortura não é covardia. Agüentar tortura não é fácil, somos muito frágeis. O senhor não imagina o quanto é insuportável a dor. Por ter mentido, salvei companheiros”.
A ministra destacou ainda que não há qualquer “similaridade” entre o atual cenário político brasileiro e o período da ditadura. “Não estamos num diálogo entre o meu pescoço e a forca. Não há espaço para a verdade na ditadura”, reforçou.
Neste instante, a ministra fala sobre o andamento das obras do PAC. Ela se comprometeu a responder a qualquer tipo de questionamento dos senadores assim que concluir suas explicações sobre o programa. (Edson Sardinha e Renata Camargo)
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