Reportagem da revista Veja que circula neste fim de semana revela que o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), ex-governador do Distrito Federal por quatro vezes, estaria envolvido em um esquema que desviava recursos do BRB, banco estatal do Distrito Federal.
A revista teve acesso, na semana passada, a uma gravação telefônica na qual um dos presos em uma operação da Polícia Civil de Brasília, Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB e amigo de Roriz, aparece combinando com o peemedebista a entrega de 2,2 milhões de reais em dinheiro vivo ao parlamentar.
Segundo Veja, os diálogos sugerem que o dinheiro, que teria sido sacado da conta do empresário Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas, seria entregue na casa de Roriz em um carro-forte. Antes disso, o senador, o ex-presidente do BRB e pessoas ainda não identificadas negociaram a respeito da melhor forma de receber o dinheiro.
"Na hora que tiver [o dinheiro] com você, você avisa para mim", pede Roriz. "O dinheiro vai da tesouraria, vai direto. Vai num carro", responde o então presidente do BRB, Tarcísio Franklin. Ao saber que o dinheiro iria em um carro, o senador se recusa a recebê-lo em casa. "Ah, não. Aí eu não quero, não. Desse jeito, não", diz. Tarcísio pergunta: "Onde é que vai pôr esse dinheiro?". "Não tem um cofre, não?", questiona Roriz. "Mas para isso tudo não tem, não", explica Tarcísio, dando uma pequena risada.
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Devido ao fato de um senador estar envolvido, o caso foi encaminhado à Procuradoria Geral da República. Por meio de assessores, Joaquim Roriz garantiu à Veja que tudo não passa de um negócio simplório entre ele e Constantino. Segundo o senador, no dia 12 de março, ele se encontrou casualmente com Constantino e comentou que estava sem dinheiro para pagar uma bezerra que comprara por 300.000 reais. Constantino teria dito então que, casualmente, tinha no bolso um cheque do Banco do Brasil no valor de R$ 2,2 milhões e que Roriz poderia levá-lo, descontá-lo no BRB, pegar os 300.000 e devolver o restante. No dia seguinte, 13 de março, assim foi feito.
Roriz apresentou à Veja um contrato entre ele e o dono da Gol, assinado em 12 de março, um dia antes do saque, cópia do cheque e do depósito. “Talvez por envolver dois amigos, o contrato de empréstimo não foi registrado nem as assinaturas foram reconhecidas em cartório”, afirma a publicação.
Procurado pela revista, Constantino disse que de fato emprestou 300.000 reais a Roriz, assinou um contrato e recebeu notas promissórias em garantia. Em relação ao cheque de 2,2 milhões de reais, Constantino garantiu que nunca ouviu falar. E disse que não tem conta bancária no BRB. (Rodolfo Torres)
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