Mário Coelho
Os 23 deputados distritais não vão poder reclamar da quantidade de candidatos para governador e vice do Distrito Federal. Para a eleição indireta prevista para 17 de abril, que vai escolher os substitutos do ex-governador José Roberto Arruda, preso desde 11 de fevereiro, e do ex-vice Paulo Octávio, os parlamentares terão nada menos do que dez chapas para escolher em quem votar. Porém, o número pode reduzir nos próximos dias, já que todos os pedidos serão analisados pela Mesa Diretora, que poderá impugnar desde já a campanha que não cumprir as normas estabelecidas pela Câmara Legislativa.
Leia também: Fora Arruda lança Tony Panetone para governador do DF
De todas as chapas, nove foram inscritas no período da tarde na Câmara Legislativa. O PMDB, por exemplo, apresentou sua candidatura faltando menos de dez minutos para encerrar o prazo dado pela Mesa Diretora, que era às 18h. As eleições estão marcadas para o dia 17 de abril, às 17h30, no plenário da Câmara Legislativa. Os eleitores serão os 23 deputados distritais que estão no exercício de seus mandatos. Uma vaga ainda está em aberto em decorrência da renúncia do ex-deputado Brunelli. Geraldo Naves (sem partido, ex-DEM) foi convocado, mas como está preso ainda não tomou posse.
Amanhã (8), a Mesa se reúne para analisar os candidatos. Mas o presidente em exercício da Câmara, Cabo Patrício (PT), não acredita que esse número persista até o dia do pleito. Para ele, os partidos ganharam mais dez dias para negociar apoios. É possível então que as siglas menores desistam e deixem uma disputa polarizada, entre a antiga base aliada ao ex-governador Arruda e a oposição. Patrício comparou o atual momento das eleições com o jogo de boliche. “Só que aqui o último que ficar de pé será o novo governador”, afirmou.
Desconhecidos
As chapas estão recheadas de políticos desconhecidos no Distrito Federal. Integrantes de partidos que exerciam funções burocráticas. Ou até mesmo que tentaram se candidatar a algum cargo eletivo mas não tiveram votação suficiente para se eleger. Esse é o caso dos nomes do PV, por exemplo. Nilton Reis é administrador de empresas e está há 13 anos dentro do partido. Ele inclusive fez parte do governo Arruda, ao ser subsecretário de Sensibilização Sócio Ambiental e Gestão de Áreas Verdes da Secretaria de Meio Ambiente. Sua vice, Deborah Achcar, é formada em Comunicação Social e trabalha na Câmara dos Deputados no projeto Eco-Câmara.
Os desconhecidos, porém, já garantiram pérolas. O candidato pelo PSDC, Virgílio Macedo, chegou acompanhado pelo presidente nacional do partido, José Maria Eymael. Ao ser questionado se é o melhor candidato para o cargo, limitou-se a responder: “É, fui indicado pelo meu partido”. Depois, quando os jornalistas perguntaram se ele tinha condições de vencer candidatos de partidos mais estruturados, ele, que é professor da rede pública do DF e foi candidato ao Senado pelo partido em 2006, disparou uma frase que faria Isaac Newton ter calafrios. “Nós temos que desafiar a lei da gravidade. E nós estamos aqui para tentar fazer a diferença”, afirmou.
A primeira candidatura a ser confirmada publicamente foi a de Wilson Lima (PR). Porém, o governador em exercício só oficializou a campanha faltando uma hora para o encerramento do prazo. Quem entregou a documentação foi o presidente regional do partido, o suplente de deputado federal Izalci Lucas, ex-secretário de Ciência e Tecnologia nos governos de Arruda e de Joaquim Roriz. “Vamos conversar para que Wilson termine aquilo que ele começou. Ele está encarando isso como uma missão. Por isso não vai se candidatar novamente”, disse Izalci.
Supresa
A inscrição das chapas reservou supresas também nesta quinta-feira. Nomes e partidos que não eram cogitados acabaram se colocando como candidatos ao GDF. Um dos casos é o PRB, que lançou o distrital Aguinaldo de Jesus, ex-secretário de Esportes de Arruda, ao GDF. Outra surpresa foi a chapa pura peemedebista, encabeçada pelo ex-presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) no governo Arruda Rogério Rosso e pela suplente de deputada distrital e ex-administradora de Brasília Ivelise Longhi.
Os dois, além de participarem do governo Arruda, trabalharam ativamente do governo de Joaquim Roriz. Rosso foi administrador de Ceilândia, a maior região administrativa do DF. Já Longhi dirigiu a Terracap. Além disso, os três distritais do PMDB são citados no inquérito da Caixa de Pandora, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nenhum deles sofreu qualquer tipo de punição até o momento. “O fato do PMDB não ter punido é porque o processo judicial ainda não acabou”, disse o presidente regional da legenda, deputado Tade Filippelli.
Esquerda
O PT demorou para apresentar sua chapa. Negociou com o aliado histórico PCdoB – “não formamos chapa porque eles demoraram muito”, disse Messias de Souza, candidato do PCdoB – e com o PTB, que localmente participava da base do governo Arruda na Câmara Legislativa. Os petistas já tinham o nome para o governo – o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-secretário de Educação durante o governo Cristovam Buarque (1995 a 1998) Antonio Ibañez Ruiz. No entanto, faltava indicar o vice. Após muitas reuniões, acabaram escolhendo o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) Cícero Rola para compor a chapa.
Porém, a demora no PT acabou afastando, além do PCdoB, também o PDT. Membros do partido chegaram inclusive a cogitar lançar a candidatura do deputado distrital José Antônio Reguffe ao governo do DF. Porém, essa não era a posição majoritária entre os pedetistas. O presidente regional, Ezequiel Nascimento, já tinha avisado que não queria candidatura. Mas iria esperar a definição do PT para saber como compor a chapa. “Nós não demoramosmuito, levamos somente um par de horas para formar a chapa”, disse Ibañez. “O PT tem competência, tem condições, tem experiência, tem quadros para governar o Distrito Federal”, completou.
Desistência
Apesar de ter escolhido um candidato ontem (6), o DEM voltou atrás e desistiu de lançar uma candidatura própria. Oficialmente, a justificativa é a quantidade de postulantes ao GDF. Por conta disso, o suplente de deputado federal Osório Adriano retirou sua intenção de participar do pleito. No entanto, a cúpula nacional do partido não gostou da escolha. Muito menos de a sigla, desgastada pela crise gerada pelos seus ex-correligionários Arruda e Paulo Octávio, ter um candidato. Por isso, determinou que a disputa fosse abandonada. “Num gesto de nobreza, Osório Adriano desiste de disputar eleição indireta no DF. DEM terá candidato apenas em outubro. Voto popular”, afirmou o membro da Executiva nacional e deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Céu de brigadeiro
Entre os inscritos, um surpreendeu parlamentares e funcionários da Câmara. O PRTB apresentou a candidatura de José Carlos Pereira, brigadeiro e ex-presidente da Infraero no governo Lula. “Minha postura é de absoluta isenção”, afirmou. Ao ser questionado se Brasília, por ter sido projetada por Lúcio Costa à imagem de um avião, precisava de um brigadeiro para pilota-la, ele riu e despistou. “É absolutamente necessário restaurar o Distrito Federal.”
Chapas por ordem de inscrição:
1- PV
Candidato a governador: Nilton Reis Batista Júnior
Candidata a vice-governador: Deborah da Silva Achcar
2- PSL/PTN
Candidato a governador: Newton Lins Teixeira de Carvalho
Candidato a vice-governador: Paulo Fernando Santos de Vasconcelos
3- PCdoB
Candidato a governador: José Messias de Souza
Candidata a v
Deixe um comentário