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Enquanto o presidente Lula não decide que cargos usará para premiar a permanência do PMDB, ou parte dele, no governo, a bancada do partido na Câmara acertou com o PFL e o PSDB que a pauta da Casa, obstruída por 18 medidas provisórias, será liberada aos poucos e a passos de tartaruga. O PMDB e a oposição, hoje, têm em comum o interesse na adoção de um ritmo lento para a retomada das votações. O acordo com a oposição foi costurado pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP), durante café da manhã com os líderes do PSDB, Custódio Mattos (MG), e do PFL, José Carlos Aleluia (BA). Pressionado por uma bancada de parlamentares insatisfeitos, o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), não teve alternativa senão aceitar o acerto feito pelo presidente do partido. Leia também Até o governo liberar recursos para todas as emendas de parlamentares no orçamento e anunciar formalmente os ministérios e cargos que o PMDB terá no governo, a bancada do PMDB continuará atuando como se fosse oposição. O almoço do presidente Lula com a bancada do PMDB, na última quarta-feira (24), na casa do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, foi encarado por alguns deputados como um banho de água fria. Alguns parlamentares saíram frustrados porque, em nenhum momento do almoço, o presidente Lula tocou na expressão “governo de coalizão” nem no aumento do espaço para o PMDB – apesar disso estar implícito nos discursos presidenciais das últimas semanas. Isso aumentou o grau de insatisfação, principalmente porque os deputados do PMDB acham que o terceiro ministério ou a escolha de uma nova pasta, mais robusta, está destinada aos senadores do partido. Pior do que isso, o presidente Lula quer dar esse ministério de presente ao seu mais leal aliado no Congresso, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A maior preocupação de Lula é evitar um constrangimento maior para Sarney, depois que a emenda da reeleição dos presidentes do Senado e da Câmara foi sepultada. Amigos de Sarney riram da proposta do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de presenteá-lo com a presidência do partido. “Isso é muito pouco para quem já foi presidente da República e presidente do Senado”, disse ao Congresso em Foco um dos melhores amigos de Sarney. Lula já mostra disposição de engolir Renan Calheiros como presidente do Senado, para desgosto do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e do PT. Com isso, Renan praticamente tem chance zero de negociar com o governo quem será o felizardo do partido que receberá um super-ministério. |
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