Aconteceu há alguns anos lá nos Estados Unidos, em uma cidade do Arizona: 700 presos em mudança andaram 3,2 km de uma penitenciária a outra – sem camisa, trajando apenas uma ceroula rosa e ligados uns aos outros por correntes da mesma cor.
No Reino Unido, os presos foram convidados a participar de animados jogos de baralho. Usei a expressão “animados” porque os vencedores eram contemplados com um dia de liberdade. Também vem daquele país o caso do preso que foi solto porque, sendo muito gordo, dava despesas demais. Cortar gastos foi também a ideia inspiradora de um programa lançado recentemente, segundo o qual os presos passam os dias trancados e à noite vão para casa dormir. Enquanto isso, pouco sensíveis aos apelos por austeridade e corte de gastos, ladrões invadiram uma prisão de Londres e carregaram todo o dinheiro que encontraram em seus cofres.
Na prisão de San Pedro, na Bolívia, os presos que podem pagar dormem dentro das celas. Os demais, menos afortunados, repousam pelos corredores ou ao relento mesmo, na área destinada ao banho de sol.
Já na Argentina os presos abonados conseguem algo mais do que simplesmente “comprar” celas. Descobriram uma prisão lá na qual era possível adquirir desde telefones celulares e notebooks até os serviços das mais fogosas prostitutas da cidade.
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No Sri Lanka, por algum motivo ainda não identificado, colocaram um infeliz dentro de uma prisão. O coitado ficou lá abandonado durante 50 anos, sem processo ou decisão alguma. O esquecido seguinte vem lá da Índia, e chama-se Shankardayal Singh. Em 1961 trancaram o dito cujo por ter dado uns tabefes no vizinho, para só soltá-lo em 2006. Fico a imaginar o grau de expectativa dele ao longo de todos estes anos.
Aliás, sobre expectativas, não menos preocupante é a dos condenados à morte no Japão – eles não são informados sobre a data e a hora em que serão executados. Pode ser daqui a cinco minutos ou no ano que vem, quem sabe?
E por falar em saber, quem é que anda torturando presos na Indonésia? Para tentar sanar essa dúvida, o governo espalhou pelas prisões câmeras destinadas a filmar os policiais. É surrealista: dentro de uma prisão, quem tem que ser filmado para não cometer crimes são os agentes da lei!
Quem também anda precisando de filmadoras são os presídios do Paquistão. Em um deles Fateh Mohammad desmaiou por conta de um potente sonífero colocado em sua comida, e acordou horas depois com uma lâmpada enfiada pelo seu corpo adentro.
Na França, o governo decidiu enfrentar com firmeza os frequentes casos de suicídios provocados pelas péssimas condições das penitenciárias – distribuiu para os presos pijamas de papel, imprestáveis para enforcamentos nas celas.
Enquanto isso, na Austrália, alguém concluiu que “família que vai presa unida permanece unida”. Assim, recente comissão parlamentar descobriu 14.500 crianças cumprindo pena juntamente com os pais condenados.
Claro, nem todas as notícias são ruins. Em Portugal, por exemplo, há pouco mais de um ano os baldes higiênicos que frequentavam, impávidos e fedorentos, as celas do país foram substituídos por vasos sanitários equipados – pasmem – até com descarga!
E o Brasil? Não sei por qual motivo, mas subitamente lembrei-me de um profundo pensamento de Dostoyevski: “O grau de civilização de uma sociedade pode ser julgado ao se entrar em suas prisões”.
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