Tatiana Damasceno
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, confirmou presença na sessão do Conselho de Ética da Câmara desta terça-feira (8), mas, pelo menos dois integrantes do colegiado acreditam que não será possível interrogar o colega adequadamente. Eles alegam que não tiveram tempo hábil para analisar o inquérito da Polícia Federal (PF) que acusa o deputado do PDT de participar de um esquema de desvios de recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mesmo assim, os deputados integrantes do colegiado vão ouvir a defesa de Paulinho a partir das 14h. A suposta participação do deputado foi apontada durante a Operação Santa Tereza da PF.
O relator do caso, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), diz que o inquérito da PF é bastante extenso e que levará tempo para ser totalmente analisado. Porém, Piau acredita que o depoimento de hoje contribuirá para encaminhar melhor o seu relatório. Essa será a primeira chance para o acusado esclarecer as denúncias. “Acho que é uma chance para ele se defender”, afirma Piau. Paulinho nega todas as acusações, mas o relator confirmou ao Congresso em Foco que o deputado deverá ser questionado sobre todas as acusações levantadas no inquérito da PF.
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O deputado Efraim Filho (DEM-PB) também afirma que só será possível confrontá-lo após o depoimento de hoje, e que ainda precisa de tempo extra para verificar o inquérito da PF. “Não deu tempo de se aprofundar. Vai ser difícil contra-argumentar, porque não vamos ter as informações aprofundadas para confrontá-lo”, acredita Efraim.
O congressista do DEM afirma que a investigação mais importante virá após o depoimento. “O trabalho mais importante vai ser a comparação da fala de Paulinho com os documentos em poder da comissão”, diz. Efraim entende que o recesso do Congresso no meio do ano pode favorecer o dirigente da Força Sindical. “Não deixa de ser uma parada técnica, em que as coisas esfriam”.
Já o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) avalia que a situação de Paulinho no conselho é grave. “É uma situação grave. Vamos ter que estudar muito para tomar uma decisão imparcial e para também não cometermos injustiças”, afirma.
Mas o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) acredita que as informações do inquérito da PF são suficientes para o início do processo no Conselho de Ética, mas não para sua condenação. Biscaia diz que o recesso não deve atrapalhar as investigações. “Esses 15 dias não vão atrapalhar em nada, mas eu defendo que o conselho deve continuar funcionando em agosto e setembro”, diz o deputado.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu aceitar abertura de processo contra o deputado para investigar as acusações. O caso corre sob segredo de justiça, mas o STF decidiu repassar o inquérito aos membros do Conselho de Ética, que devem manter o sigilo sobre as informações. Os deputados só têm acesso ao processo numa sala reservada, onde não é permitida cópias nem retirada de trechos dos papéis.
Reportagem da edição de ontem (7) do jornal Estado de S. Paulo afirma que a PF descobriu um novo depósito, no valor de R$ 82,1 mil, na conta da ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador. De acordo com o jornal, a organização teria sido dirigida por Eleno José Bezerra, vice-presidente da Força Sindical e aliado de Paulinho.
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