A tendência de que Cunha seja cassado aumenta à medida que o deputado coleciona notícias desfavoráveis – como o bloqueio de seus bens pela Justiça Federal e a transformação de sua esposa, Cláudia Cruz, em ré na Lava Jato. O parecer do Conselho de Ética deverá ser votado na segunda quinzena de julho pelo plenário da Câmara. Este prazo está previsto porque o presidente afastado da Casa avisou que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para tentar reverter a decisão do Conselho de Ética. Aliados do Planalto defendem que, mesmo antes da votação do pedido de cassação de Cunha em plenário, o nome governista que irá concorrer como substituto de Cunha seja lançado.
O primeiro-secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), defende que os aliados do novo governo escolham um nome ajustado com o pacote do Planalto para o ajuste das contas públicas: reforma da Previdência para reduzir despesas e adiar desembolso do Tesouro Nacional, limite das despesas da União com base na inflação passada, concessões e privatizações de estatais.
O próprio Mansur se coloca como alternativa. “Eu posso ser este nome, mas é preciso que haja uma articulação para que não haja risco de se escolher um deputado que não dê andamento às propostas do governo”, ponderou. O grupo conhecido como novo centrão, formado por 16 partidos médios que apoiaram o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), articula o lançamento de um nome disposto a resistir às tentativas de adiar as votações de temas importantes, com a adoção da tática de obstrução para derrubar sessões com baixo quórum.
Outro nome cogitado para a empreitada é o do presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Aliado de Cunha desde a eleição do presidente afastado, no ano passado, Serraglio tem a vantagem de pertencer à maior bancada na Câmara e ter trânsito em outras bancadas, como PSDB, DEM e PTB. Amigo do presidente Temer, o deputado paranaense é experiente e conhece o regimento como poucos.
A nova eleição para a escolha do presidente da Câmara vai encerrar um impasse que atualmente determina as reuniões do colégio de líderes, grupo que não reconhece a autoridade do presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA). Somente com a cassação de Cunha o cargo que ele ocupava até maio será considerado vago e, segundo o regimento interno, condição jurídica que permite a nova eleição para a escolha do segundo nome na linha sucessória da Presidência da República.
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