Edson Sardinha |
Apesar de ter convencido ontem o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), a orientar sua bancada a recuar do apoio à criação da CPI dos Correios, o governo ainda não conseguiu demover os 19 deputados petistas de retirarem suas assinaturas em favor das investigações (leia mais). A resistência dos parlamentares do PT dificulta a estratégia dos líderes governistas de promover uma retirada em massa de autógrafos dos aliados. À véspera da leitura do ato de criação da CPI, prevista para as 10 horas de hoje, a oposição conseguiu o apoio de mais 11 deputados e um senador para investigar as denúncias de corrupção nos Correios. Com isso, 253 deputados (82 a mais que o necessário) e 51 senadores (24 a mais que o exigido regimentalmente) assinaram o pedido de CPI. O PTB promete retirar suas 13 assinaturas ainda esta manhã (leia mais). Leia também Com ameaça de retaliação, por um lado, e promessa de liberação de verbas para emendas parlamentares, de outro, o governo tem até a meia-noite de hoje para convencer os aliados a retirarem suas assinaturas. A CPI só será criada de fato quando a decisão for publicada no Diário Oficial de amanhã. Outros sete senadores do PT estão inclinados a assinar o requerimento, e só não o fizeram por causa dos apelos do líder do partido na Casa, Delcídio Amaral (MS). Os aliados não escondem o desconforto político de retirar suas assinaturas sem que o gesto seja precedido de forma unânime pelo PT. O líder do partido na Câmara, Paulo Rocha (PA), acusa os companheiros de fazerem o jogo da oposição. “O que os nossos deputados precisam entender é que o PSDB e o PFL querem buscar um palco para antecipar a disputa eleitoral”, afirmou. A declaração de Rocha acirrou a animosidade entre os petistas. “É um absurdo, quem assinou está sendo acusado de colaborar com a desestabilização do governo e ser linha-auxiliar de forças golpistas”, critica o deputado Chico Alencar (RJ), ao garantir que manterá a assinatura. “Não retiro (a assinatura) de jeito nenhum. O que dá palanque para a oposição é o governo manter ministros investigados por corrupção como Jucá e Meireles. Se eles tivessem sido afastados, não teria CPI”, reforçou o deputado João Alfredo (CE). O líder petista argumenta que o governo já tomou todas as iniciativas para investigar a denúncia de cobrança de propina nos Correios, como a abertura de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, a revisão de todos os contratos da atual gestão pela Corregedoria Geral da União e a formação de uma comissão de sindicância. A instalação da CPI, segundo ele, só vai precipitar o debate eleitoral. |
Deixe um comentário