Representantes dos países que serão integrantes do Parlamento do Mercosul, inaugurado hoje (14), em Brasília, aproveitaram a oportunidade para discursar no plenário do Senado. O primeiro foi o presidente da Representação Argentina no Parlamento do Mercosul, deputado Alfredo Atanasof. Ele afirmou que, com a constituição do novo órgão, o bloco econômico avança rumo à democratização do processo de integração.
Para ele, o novo Parlamento ampliará a voz dos cidadãos, que passarão a participar de todas as instâncias do processo de integração. “Aprendemos nesses 15 anos que integrar-se não é fácil, mas hoje existe uma convicção sólida na política regional que nosso destino está unido ao destino de nossos sócios, vizinhos e irmãos sul-americanos”, ressaltou.
Alfredo Atanasof ainda lembrou que o Parlamento do Mercosul terá a obrigação de debater temas conflitantes e apresentar propostas de solução aos Poderes Executivos dos Estados-membros. “A instituição deve ser o fórum de debate político de todas as questões, especialmente as mais conflituosas”, defendeu.
Para o deputado argentino, o principal desafio dos parlamentares que farão parte do Parlamento será modificar as legislações nacionais para permitir a eleição direta dos próximos representantes. As primeiras eleições diretas para o Parlamento do Mercosul estão previstas para a legislatura de 2014.
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“O Mercosul deve ser um impulsor da Comunidade Sul-Americana”
O presidente da representação uruguaia, deputado Roberto Conde, defendeu que o Mercosul deve ser uma prioridade na integração sul-americana. “Não há nem deve haver contradição entre a construção do Mercosul e da Comunidade Sul-Americana. Mas se o Mercosul não se afirmar e não se constituir, não haverá Comunidade Sul-Americana. Isso não é arrogância, mas responsabilidade. Se o Mercosul não se transformar em impulsor da Comunidade Sul-Americana, não se criarão condições para sua constituição”, ressaltou.
Para ele, os parlamentares do Mercosul devem ter claro que os acordos comerciais servem de base material para a integração, “mas sem instituições políticas e comunitárias sólidas e sem segurança jurídica, não pode ser constituído o mercado”.
Justiça Social
Já o presidente da representação venezuelana, deputado Saul Ortega, ressaltou que o processo de integração dos países do bloco não deve ser voltado apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para a busca de justiça social. “O Parlamento deve expressar os tempos de mudança e evitar cair na tentação de privilegiar concepção mercantilista da integração”, disse.
Ortega ainda afirmou que a integração não é uma opção, mas o caminho aspirado pelo povo latino-americano. “O Mercosul deve ser enclave sólido para integração da América Latina, em um momento em que há um projeto de revitalizar o neocolonialismo no continente, com a Alca e os tratados de livre comércio com os Estados Unidos”, declarou. (Renaro Cardozo)
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