Mário Coelho
Mesmo após a decisão judicial que confirmou a validade da CPI da Corrupção, deputados da base aliada ao governador José Roberto Arruda (sem partido) ainda insistem em divergir sobre a continuidade dos trabalhos. Enquanto o relator Raimundo Ribeiro (PSDB) diz que a comissão está valendo, o vice-presidente Batista das Cooperativas (PRP) acredita que ela está desfeita. Tanto que os distritais estavam reunidos até há pouco para discutir se a comissão permanece ou não. Independentemente das querelas dos governistas, o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do governo do DF Durval Barbosa, autor das denúncias que revelaram o mensalão do governador José Roberto Arruda (sem partido), está mantido para terça-feira (26) pela manhã, na Polícia Federal.
Publicamente, os quatro membros governistas continuam a criticar a decisão da última quarta-feira. No despacho do juiz, ele tornou inválida toda ação que tivesse a participação de deputados investigados no mensalão do Arruda. “Isso foi cachaça do juiz. Pra mim, a CPI ainda está extinta”, disse Batista das Cooperativas. Porém, no início da sessão plenária desta segunda-feira (25), os distritais da base apelaram para uma confusão gramática. Ao ler trecho das notas taquigráficas da reunião, Eliana Pedrosa (DEM) afirmou que a CPI não foi encerrada. “O que foi encerrado naquele dia foi o encontro da comissão. E foi pedido que a presidência fizesse um recurso”, afirmou.
Porém, em entrevistas desde quinta-feira, todos os membros governistas da CPI foram bem claros. Disseram que a comissão estava encerrada já que o requerimento de criação foi assinado por deputados mensaleiros. Hoje, antes de chegar na sessão, Batista disse que a comissão tinha acabado. O relator Raimundo Ribeiro comentou que, após ler a nova decisão da Justiça, viu que o colegiado ainda estava valendo. “Eu não concordo com a decisão do juiz, por ser uma clara interferência entre os poderes. Mas respeito o esclarecimento do juiz”, disse. Ribeiro adiantou ainda que vai pedir que a Câmara recorra da decisão judicial.
O presidente Alírio Neto (PPS), que responde no Conselho de Ética do partido por ter encerrado a CPI, fez um discurso criticando a imprensa durante a discussão. Ao citar erros graves do trabalho da mídia, disse que não foram os parlamentares que “criaram uma Escola Base”. Ele se referiu ao caso de uma escola em São Paulo, onde os donos foram prejudicados por conta de notícias de envolvimento com crimes de abuso sexual que não foram confirmados. “Tem algo incontestável aí que são as imagens, que não estão manipuladas. Eu terminei dizendo que ‘esta sessão está encerrada’, e não que a CPI tinha terminado”, afirmou.
Suplentes
De acordo com o deputado Wilson Lima (PR), primeiro secretário da Mesa Diretora, os suplentes só serão convocados para as deliberações relacionadas aos processos de impeachment do governador e do vice e de quebra de decoro por parlamentares citados no inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A declaração foi dada após reunião de alguns distritais na presidência da Câmara, na manhã de hoje.
Segundo Wilson Lima, será feita uma retificação no ato que o presidente em exercício (Ato n° 45/2010), deputado Cabo Patrício (PT), publicou na última sexta-feira (22), no Diário da Câmara Legislativa (DCL), suspendendo a convocação imediata dos suplentes. Lima também informou que já há consenso, entre as bancadas de situação e oposição, com relação à continuidade da CPI da Codeplan.
Presidência
Com a renúncia do deputado Leonardo Prudente (sem parido) à presidência da Câmara Legislativa, os blocos partidários começaram a se movimentar para a indicação de candidatos aos cargos. A oposição já anunciou que apresentará um nome, ainda não definido. Entre os governistas, ainda não há consenso em torno de um nome. O deputado Geraldo Naves (DEM) mencionou que três nomes já se apresentaram como possíveis candidatos: Wilson Lima (PR), Eliana Pedrosa (DEM) e Raimundo Ribeiro (PSDB). Naves anunciou que a bancada governista se reunirá após a sessão plenária desta tarde e à noite para discutir o nome. O candidato sairá do consenso da base”, concluiu o vice-líder do governo.
Wilson Lima confirma que seu nome está no páreo. E acrescenta que será desejável apenas um candidato, que ele saia de um consenso. Já Raimundo Ribeiro e Eliana Pedrosa negam concorrer ao cargo. Outro que colocou seu nome foi Batista das Cooperativas.
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