Alguns dos deputados que acompanharam mais de perto os trabalhos de investigação do mensalão estão satisfeitos com o novo rumo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que recebeu a denúncia contra todos os 40 acusados no escândalo. Júlio Delgado (PSB- MG), que foi relator do processo contra o ex-ministro José Dirceu no Conselho de Ética, disse estar com a sensação do dever cumprido.
“Os indícios que constavam no relatório da CPI foram comprovados pelo levantamento feito pelo procurador Antônio Fernando de Souza”, afirma o parlamentar. Para ele, assim como já foi demonstrado pela CPI, as acusações deixaram claro que os envolvidos tentaram “instrumentalizar o partido por meio da máquina governamental”.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) tem opinião parecida. O ex-sub-relator da CPI dos Correios pensa que esse foi um julgamento técnico, confirmando a decisão política da comissão. “O STF retirou a razão daqueles que tentaram desqualificar o trabalho da comissão”, comenta.
Para ele, a vantagem do julgamento do Supremo é que agora o Ministério Público vai poder procurar novas provas contra os acusados. Além disso, interrompe as prescrições dos crimes.
O deputado Maurício Rands (PT-PE) acha que o julgamento provou que “as instituições estão funcionando normalmente”. Ele também pensa que essas decisões não respingarão no governo. Para o parlamentar, as conseqüências disso só atingem os acusados. E mesmo assim, cada um deles vai ter seu direito de defesa para tentar provar o contrário.
O petista José Eduardo Cardozo (SP) também concorda que a situação ainda pode ser revertida. “As pessoas não foram condenadas. Elas podem provar sua inocência.” O parlamentar também acha que a imagem do governo está preservada. “Esses fatos já eram conhecidos anteriormente e, mesmo assim, o presidente foi reeleito. O governo saiu incólume”, explica. “Mas o PT saiu machucado, sim, querendo ou não”, completa.
Já o deputado Delgado acha que, se essas acusações não chegam a manchar a imagem do presidente, pelo menos jogam por terra um projeto de poder de 20 anos em que Lula também participou. (Camila Shinoda)
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