Reportagem do jornal Estado de S. Paulo de hoje (27) revela que o relacionamento entre deputados, senadores, os assessores deles e os empresários do esquema de corrupção dos Sanguessugas era calcado por ameaças e pactos. A Polícia Federal analisou um acervo de 32 CD-ROMs da CPI dos Sanguessugas.
Em uma gravação legal feita pela PF, um funcionário do gabinete do deputado Raimundo Santos (PL-BA)deixa claro a utilidade eleitoral do esquema. O assessor declara que a ambulância do acerto precisa chegar logo ao município de São Félix, pois, do contrário, o deputado pode perder a eleição. Chega até a fazer uma ameaça em nome do deputado, “não precisa procurar ele para mais nada em Brasília”.
Em outro diálogo, envolvendo um contador, a PF conseguiu descobrir que o deputado Marcos Abramo (PP-SP) “brigou querendo a parte dele”. Já o deputado Eduardo Seabra (PTB-AP) foi flagrado pelas escutas implorando a Darci Vedoin: “Não me abandone, não me deixe sozinho.” Depois acrescenta: “Sem oxigênio.”
Em alguns casos, havia deputado que colocava o gabinete “à disposição” da Planam para acertos. Em várias gravações, segundo a PF, os acertos são apelidados de “negócio bom”. Assessores dos parlamentares ligavam para os empresários do esquema Sanguessuga tratando com a maior naturalidade das propinas dos “chefes”.
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Nos grampos da PF, os Vedoins acertam o pagamento parcelado de propina -“R$ 20 mil, R$ 30 mil” -, mas revelam preocupação com o risco de um possível mau negócio: “Não vou dar (dinheiro) na semana que vem. Se ele não colocar (a emenda), é jogar dinheiro fora.”
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