Mário Coelho
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Leonardo Prudente (sem partido), vai permancer no cargo até o fim do mandato. Em reunião considerada informal na tarde desta sexta-feira (8), ele ignorou os pedidos de três membros da Mesa Diretora para se afastar. A justificativa de Prudente para não sair da presidência é que “ainda não foi julgado” e, por isso, tem condições de continuar na condição de chefe do Legislativo local.
A reunião foi convocada pelo vice-presidente da CLDF, Cabo Patrício (PT). Participaram também os deputados Milton Barbosa (PSDB) e Wilson Lima (PR), respectivamente primeiro e terceiro secretários da Câmara. Eles tentaram convencer Prudente a sair do cargo, sob o argumento de que seria melhor para ele se defender fora da presidência. Assim, ele teria, na visão dos três, “mais tranquilidade” em responder às acusações de receber propina do mensalão do governador José Roberto Arruda (sem partido) e de ter se beneficiado de contratos com o governo.
Prudente foi flagrado em vídeo colocando dinheiro de propina nas meias, após receber do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa. Ele e outros sete distritais sofrem processos por quebra de decoro parlamentar na Câmara, todos envolvidos com o mensalão do Arruda, exposto pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.
Prudente também afirmou que tem a autorização da Procuradoria da Casa para retornar ao cargo. Em 1º de dezembro, ele anunciou seu afastamento de 60 dias por problemas de saúde. Porém, acabou retornando antes do prazo, em 30 de dezembro. Na segunda-feira (4), o PT questionou a volta, pedindo cópia do ofício que autorizou a publicação do retorno no Diário Oficial da CLDF. Porém, a Procuradoria afirmou que, da mesma maneira que ele se afastou, não precisa de autorização da Mesa Diretora para reassumir a presidência.
O encontro dos distritais ocorreu na casa de Wilson Lima, no Gama, região administrativa distante 20km do Plano Piloto de Brasília. Mesmo com a negativa de Prudente em sair do cargo, o PT já promete tentar, em plenário, barrar a volta do distrital à presidência da Câmara. Na próxima segunda-feira (11), quando os deputados voltam do recesso para instalar a CPI da Corrupção e a comissão especial que vai analisar os pedidos de impeachment contra Arruda, os petistas vão apresentar um requerimento para que a volta dele seja aprovada pelos deputados no voto.
A volta de Prudente gerou críticas até do conselho nacional da Ordem dos Advogados do Brasil. Na sexta-feira (1º), o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificou a volta como “um descaro indescritível”. Para ele, não poderia haver “desfecho mais lamentável para o 2009 do contribuinte brasiliense”.
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