Em entrevista ao blog Caixa Zero, hospedado no site do jornal paranaense Gazeta do Povo, Aliel classificou como “vergonhoso” o modus operandi que, segundo o deputado, está posto em campo por Temer e seus correligionários para substituir Dilma no poder. “Vergonhoso. E de fato [Temer] está fazendo. Ele foi para o Rio de Janeiro conquistar os deputados do PMDB. E foi para outros estados”, disparou o parlamentar, passando a relatar como foi o assédio de Eduardo Cunha, primeiro réu da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
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“O Cunha falou: ‘Você não vai mais andar em Ponta Grossa. O Temer vai ser presidente, você vai ver’. Ele estava numa reunião com o Paulinho da Força [SD-SP] e o Rodrigo Maia, do DEM [RJ]. Eles coordenando, articulando e chamando os líderes partidários, os deputados, convencendo. O Mendonça Filho [DEM-PE] veio me pedir: ‘Você tem que ser a favor’. Vários deles. Os caras que estão a favor do impeachment estão montando o governo com o Temer. Eles vão assumir o comando de tudo. DEM, PSDB, todos esses caras. É o jogo aqui”, relatou o deputado.
Em um primeiro momento disposto a votar contra Dilma na Comissão do Impeachment, que na última segunda-feira (11) aprovou parecer de Jovair Arantes (PTB-GO) pelo prosseguimento da denúncia, Aliel mencionou a experiência como presidente da Câmara de Vereadores de Ponta Grossa (PR), função que exerceu entre 2012 e 2014, para justificar a mudança de posição. Aos 27 anos, o ex-parlamentar do PCdoB disse que a operação de salvamento do mandato de Cunha, alvo de arrastado processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, também influenciou em sua decisão.
“E quanto eu percebi, mesmo sendo oposição, o processo jurídico de fato – fui presidente da Câmara de Ponta Grossa, lidei muito com orçamento –, juridicamente não tem crime de responsabilidade na peça. Por mais que o contexto seja grave, por mais que esteja praticamente comprovado o desvio de campanha, meu medo era dar uma legitimidade que não existe para o Temer assumir a Presidência. É ajudar o Cunha, que, com a entrada do Temer, tenho certeza absoluta que se livra da cassação. Tem um acordo com os partidos. E isso me tocou bastante”, declarou.
Pleito
Com pretensões de disputar a Prefeitura de Ponta Grossa em outubro, motivo que o levou a trocar o PCdoB pela Rede Sustentabilidade, Aliel diz discordar da tese de golpe alardeada pelo PT e por partidos como o próprio PCdoB e o Psol. Por outro lado, ele também diz reprovar a tática de ofertar cargos e outros recursos em troca de votos – estratégia que a oposição também atribui ao governo, que tenta suprir o espaço deixado com o desembarque do PMDB da base aliada.
Por isso, em meio ao tabuleiro político e suas regras peculiares, Aliel diz que votará contra o impeachment também no plenário, em decisão que terá início na próxima sexta-feira (15) e terminará dois dias depois, em um domingo de manifestações nos arredores do Congresso. Seu posicionamento, garante, não conflita com a do partido comandado pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva – que ora defende o impeachment, ora fala em renúncia, sem esquecer a possibilidade de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, por crimes denunciados pelo PSDB à corte.
Para Aliel, não há hipótese de sofrer punição em seu partido, que em boa medida se surpreendeu com o voto que ele anunciou na Comissão do Impeachment. “Que punição? O partido liberou os deputados. Eu consultei os filiados no Paraná e deu 40% das pessoas da Rede contra o impeachment. Mas o resumo é que o que me preocupa é o programa do Temer [“Uma Ponte para o Futuro”] e dar força para o Cunha. E outra coisa: dos 38 deputados que votaram pelo impeachment, 35 têm processo na Justiça. É essa turma que está defendendo”, respondeu ao blog Caixa Zero, referindo-se ao polêmico conjunto de propostas que o PMDB formulou, e divulgou em outubro, como alternativa para o enfrentamento da crise econômica.
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