Eduardo Militão e Renata Camargo
Novas revelações devem aumentar o caldo de rispidez entre petistas e tucanos na corrida presidencial. A reportagem da revista Veja sobre o pagamento de propinas ao filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, entrou na agenda das campanhas dos presidenciáveis neste sábado (11). Enquanto Dilma Roussef (PT), ex-chefe de Erenice no Palácio do Planalto, desqualificou as denúncias, o PSDB aproveitou para incluir o assunto no programa eleitoral da noite de hoje.
Em Goiânia, o tucano José Serra considerou a denúncia “gravíssima”. Chamou a Casa Civil de “centro de maracutaia”. E tentou colocar Dilma no assunto. “Eu lembro que, no caso do mensalão, na época do José Dirceu, foi o centro de escândalo. Depois, esteve a Dilma, que deixou seu braço direito, uma pessoa muito próxima, e hoje de novo, o centro da maracutaia é a Casa Civil.”
No programa eleitoral, a campanha de Serra inclui alguns segundos para citar a reportagem de Veja e destacar o nome de Dilma na tela da TV. Ao final, colocou fotos de Dirceu, Dilma e Erenice Guerra ao lado das dos senadores e ex-presidentes Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), criticando as alianças da campanha do PT.
Dilma ocupou a Casa Civil a partir de 2005, após a queda de José Dirceu, na esteira do caso do mensalão. Em seu lugar dela, ficou Erenice, que era secretária-executiva da hoje candidata petista à Presidência da República.
Sem provas
Em São Paulo, Dilma afirmou neste sábado que Serra “tem perdido todas as estribeiras”, ao fazer acusações sem provas. “Acho que estão procurando uma bala de prata.”
A ex-ministra afirmou que o órgão da Presidência da República tem que ser preservado. “Se houve problema, as pessoas têm que ser punidas. Não é contra a Casa Civil, mas contra pessoas. As instituições têm que ser preservadas. Isso é o que se chama fazer uma ilação sem fundamento.”
Dilma disse ter certeza de que Erenice vai se defender das acusações. “Agora, até hoje, ela tem a minha confiança”, declarou a candidata.
Verônica Serra
Os próximos dias dirão se os assuntos de hoje vão ser encampados não só por tucanos, interessados em reverter a tendência de derrota no primeiro turno, como têm feito ao explorar o caso da violação do sigilo da filha de Serra. Isso porque o PT poderia usar – se concluir ser conveniente – reportagem da revista Carta Capital deste sábado.
O texto mostra que uma empresa colocou na internet informações bancárias de 60 milhões de correntistas. A dona da empresa é a filha de Serra, Verônica Serra. Até hoje, diz Carta Capital, nenhuma investigação foi concluída.
O PSDB acusa a campanha de Dilma de ser responsável pela violação do sigilo fiscal justamente de Verônica Serra, além de outros tucanos. Até agora, porém, a reportagem de Carta Capital não teve a mesma repercussão que a de Veja.
O simples embate entre PSDB e PT sobre vazamentos e propinas não significa que Serra conseguirá levar a disputa com Dilma para o segundo turno, ao convencer parcela do eleitorado a não votar na candidata do presidente Lula. Mas indica mais um ingrediente no bate-boca entre os dois principais candidatos à Presidência.
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