Um dos depoimentos mais aguardados da semana começou com quase uma hora de atraso na CPI da Crise Aérea do Senado. Os senadores ouvem, desde as 12h de hoje (16), a diretora de Serviços Aéreos e Relações com Usuários da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, e o ex-presidente da infraero José Carlos Pereira. Ela começou a audiência tentando sensibilizar os senadoes.
Denise foi acusada por Pereira de fazer pressão para que os setores de transporte de cargas dos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e de Congonhas, em São Paulo, fossem transferidos para Ribeirão Preto. De acordo com Pereira, essa pressão teria cunho pessoal, uma vez que o aeroporto de Ribeirão Preto seria administrado por um amigo da diretora.
Logo no começo de seu depoimento, Denise Abreu procurou sensibilizar os senadores dizendo que sua escolha para a Anac foi feita com base em seu currículo e em sua longa trajetória no serviço público. Ela lembrou, ainda, que não é a única diretora da Anac e que as decisões da agência são tomadas pelo colegiado, e não apenas por ela.
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“Venho de uma família de classe média e me dediquei de corpo e alma à profissão que escolhi”, disse Denise, que é formada em Direito pela PUC de São Paulo. Ela contou que, em 1987, passou em concurso público para ser procuradora do estado e que, durante o governo Covas, trabalhou na Febem. “No Natal de 1989 passei a noite rodando as unidades da Febem só para desejar um feliz Natal aos meninos que não tiveram a mesma oportunidade que meus filhos”, disse aos senadores.
Quanto às acusações feitas pelo ex-presidente da infraero, a diretora disse que foi “desconsiderada como ser humano” e “exposta como uma mulher insensível com relação aos problemas da nação”.
Denise Abreu também aproveitou para dizer que nunca fumou charuto, mas que quando a greve dos controladores de vôo estourou ela estava no casamento do filho de um dos diretores da agência e que, após horas de trabalho, ele havia oferecido charuto aos convidados para “reverenciar aos noivos”. Fotos de Denise fumando charuto foram divulgadas pela imprensa como crítica ao comportamento dos diretores da Anac durante a crise aérea.
José Carlos Pereira, que também está na CPI da Crise Aérea do Senado hoje e foi colocado em uma cadeira no lado oposto da mesa com relação ao lugar onde a diretora da Anac está sentada, disse que esse discurso inicial não é importante. Ele preferiu pular essa parte e disse que preferia ser interrogado pelos senadores. (Ana Paula Siqueira)
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