Acusada de cometer tráfico de influência, a diretora de Serviços Aéreos e Relações com Usuários da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, foi convocada para depor na CPI do Apagão Aéreo da Câmara. Ela vai prestar depoimento amanhã (16), às 15h, de acordo com decisão dos deputados, tomada hoje (15).
Segundo o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária José Carlos Pereira, Denise fez pressão para setores de transporte de cargas dos aeroportos de Viracopos (Campinas) e Congonhas (São Paulo) fossem transferidos para Ribeirão Preto. Em troca, beneficiaria um amigo, o empresário Carlos Ernesto Camargo, dono da Terminais Aduaneiros do Brasil (Taed).
Foi cancelado o depoimento de um colega de Denise à CPI. O diretor de Segurança e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Anac, Jorge Velozo, apresentou um atestou médico para vir à audiência marcada para a manhã de amanhã.
A reunião desta quarta-feira da CPI terminou mais cedo após um acordo entre os deputados. Estava prevista uma nova audiência com o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho. Entretanto, segundo o relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), disse ao Congresso em Foco, os deputados entenderam ser desnecessário ouvi-lo neste momento.
O petista entende ser preciso, primeiro, analisar completamente a caixa preta do avião da TAM que protagonizou a tragédia de Congonhas. A CPI está à procura de um técnico não ligado à Aeronáutica para fazer o trabalho. Só depois, afirmou Maia, será possível ouvir Kersul de novo.
Prorrogação
A CPI aprovou a prorrogação dos trabalhos por mais 30 dias. Agora, a continuidade da comissão deverá ser referendada pelo Plenário da Câmara. Os deputados tucanos Otávio Leite (RJ) e Vanderlei Macris (SP) queriam 60 dias a mais de prazo.
“O ideal seriam 60 dias, mas os 30 que conseguimos aprovar são melhores que nada, afinal nós somos minoria na CPI”, disse Leite. “Demos um grande passo, o próximo é o plenário.” Ele não sabe se haverá consenso para aprovar a continuidade dos trabalhos.
“Não somos o Cenipa”
Para Leite, a comissão precisa se voltar para as causas de conseqüências dos acidentes: a falta de infra-estrutura de setor. A idéia é deixar os detalhes do acidente da TAM para os militares da FAB. “Não somos o Cenipa. Por mais que nos esforcemos, é indispensável o conhecimento técnico”, contou ele ao Congresso em Foco.
O deputado fluminense entende que o objetivo deve ser apontar as deficiências do setor aéreo. “Faltam aeronaves, pistas e controladores que saibam falar inglês”, exemplificou Leite. Ele cita que, em 2000, havia 360 aeronaves de grande porte. Com a perca de 110 aviões da Varig e a redução dos espaços nos aviões, em 2006, só há 230.
Além disso, Leite defende mudanças na legislação aérea. “Temos que discutir o Código Brasileiro Aeronáutico, a defesa do consumidor, a regras de manutenção de aeronaves”, lembra. (Lucas Ferraz e Eduardo Militão)
Atualizada às 20h04
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