Fábio Góis
O senador Demóstenes Torres (DEM-DF) disse há pouco que pedirá, com o aval do presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ), e do deputado Ronaldo Caiado (GO), a expulsão do governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, dos quadros da legenda. Além disso, Demóstenes diz que o partido deve sugerir intervenção no diretório regional no DF e determinar que todos os filiados deixem seus cargos no GDF, bem como deixem a base de apoio ao governo.
Demóstenes disse que recebeu Paulo Octávio de maneira “cortês” em plena terça-feira de carnaval, mas que a visita, para a qual o governador interino foi em busca de um “pacto pela governabilidade”, de nada adiantou. “Agradeci pela confiança de ser consultado, mas disse que minha decisão já estava tomada”, declarou o senador. “Ele não tem condição de ficar dentro do DEM.”
O senador goiano acredita que a intervenção no partido serviria para “regularizar a vida partidária no DF”. Para ele, o partido sangra desnecessariamente desde que eclodiu o maior escândalo de corrupção da história do Distrito Federal, o pagamento de propina a aliados operado pelo governador afastado, José Roberto Arruda. O esquema foi descoberto pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que deu origem a processo judicial em tramitação no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
“Se nós não temos mais quadros idôneos para gerir o Distrito Federal, é melhor tomar essas providências o mais rapidamente possível”, disse Demóstenes, para quem o partido tem condições de defender a bandeira da ética nas eleições de outubro, desde que resolva imediatamente a situação na capital federal. “Estamos há três meses com essa tormenta batendo à porta dos bons quadros do partido. Nesse momento, o partido tem que cuidar de seus princípios.”
Resposta à crise
A postura de Demóstenes é mais uma resposta à crise que devastou a trajetória política do único governador do DEM, José Roberto Arruda, preso desde a última quinta-feira (11) na Superintendência de Polícia Federal, em Brasília. Em janeiro, o partido estava prestes a expulsar Arruda quando este, pressionado pela intensa repercussão do escândalo na opinião pública, antecipou-se e anunciou sua desfiliação. Já o pedido de intervenção, lembra o senador, já havia sido considerado por Caiado desde que o DEM do Distrito Federal divulgou manifesto em apoio a Arruda, com assinatura de Paulo Octávio.
Candidato à reeleição para o Senado no pleito deste ano, Demóstenes rebate as críticas de que estaria agindo em benefício próprio ao pregar a moralização no diretório da legenda no DF. “Eu tenho uma história aqui dentro [no Congresso], e essa história é linear, fala por mim.”
A princípio, seria realizada a reunião protocolar de quinta-feira (18) com os membros da executiva nacional do DEM, como acontece semanalmente. Mas Demóstenes disse ser mais provável que tal reunião ocorra na próxima terça-feira (23), quando a maioria dos parlamentares estará em Brasília na volta do carnaval.
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