Desde o início da crise que revelou o seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido – GO) se afastou de seus trabalhos no Congresso. Hoje, ele reapareceu em plenário durante a sessão deliberativa. Nos cerca de dez minutos que permaneceu ali, Demóstenes cumprimentou alguns senadores e conversou com antigos aliados. O senador não quis falar com a imprensa e afirmou que só se pronunciará depois da reunião do Conselho de Ética, que abriu investigação para apurar se houve quebra de decoro parlamentar.
Outros temas de destaque hoje no Congresso em Foco
Leia também
A presença do senador em plenário é uma tentativa de voltar à rotina normal de trabalho. “Estou trabalhando todos os dias”, garantiu. A última vez que o senador foi visto pelo Senado foi na abertura da sessão do Conselho de Ética, em 14 de abril, que examinou a representação contra ele. Na ocasião, Demóstenes afirmou que irá provar sua inocência.
O ressurgimento de Demóstenes causou um certo constrangimento entre os senadores. No momento em que ele adentrou o Plenário, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) havia acabado de agradecer a vaga que o PSDB cedeu a ele para integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que deverá ser criada amanhã pelo Congresso. “Ao vê-lo, eu tive um impacto natural que vocês devem ter percebido. Mas depois fiquei normal. Não é uma situação de fato confortável como vocês podem perceber. Ninguém ficou confortável”, disse Randolfe aos jornalistas. O senador do Amapá chegou depois a dar um abraço em Demóstenes e desejar-lhe “boa sorte”.
Durante a conversa que tiveram, Demóstenes revelou que considera as atitudes tomadas por Randolfe como “corretas”. “Defenderei o devido processo legal para que ele se defenda aqui. Não há nada de particular e nem nada de pessoal. E ele disse que eu estou certo em todas as minhas atitudes”, contou.
Os dois senadores também conversaram sobre um telefonema que Demóstenes havia feito a Randolfe ontem, em que não foi atendido. “Ele ligou no meu gabinete e eu não estava lá. Quando retornei, já estava tarde e por isso não entrei em contato de novo. Mas não tenho problema nenhum em atendê-lo e falarei com ele sempre que ele me procurar”, disse. Antes do escândalo, Randolfe e Demóstenes eram aliados em temas referentes à ética e ao combate à corrupção.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também conversou com Demóstenes e contou que ele se mostrou aberto para prestar quaisquer esclarecimentos aos senadores sobre as denúncias que envolvem o seu nome. O tucano, no entanto, garantiu que não fez nenhum questionamento a Demóstenes.
CPMI
Líderes partidários da base aliada e da oposição protocolaram ontem (terça,17) o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Foram obtidas mais de 400 assinaturas na Câmara e do Senado. As manifestações de apoio ainda serão checadas pela Secretaria Geral das Mesas Diretoras das duas Casas legislativas. De acordo com a vice-presidente do Congresso, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), a CPMI deve ser instalada amanhã.
Deixe um comentário