A demora do presidente Lula para anunciar seu ministério está gerando especulações de políticos e especialistas com relação à negociação de cargos em troca de apoio à candidatura do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputa a presidência da Casa.
Ontem, durante visita a Porto Alegre (RS) o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), também candidato ao cargo, disse que pedirá a convocação de pessoas ligadas ao governo para esclarecer a atuação delas na disputa para o comando da Casa. "Queremos esclarecer qual a participação do governo. Não é uma coisa normal [montar ministério depois da eleição]", disse, pedindo aos eleitores que acompanhem a disputa na Câmara e depois analisem a formação do ministério.
Consultado pelo jornal O Globo, o professor Roberto Romano, da Unicamp, que é especialista em ética na política, argumentou que o fato de Lula estar adiando o anúncio do novo ministério mostra que ele pode estar usando a barganha por cargos para interferir na eleição da presidência da Câmara.
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"Isso não é nada correto do ponto de vista da relação de paridade entre os Poderes", disse o professor ao jornal. "Mas o Executivo precisa ter boas relações com o presidente da Câmara, para ter acolhidos os projetos polêmicos do governo", analisou ele, citando exemplos de projetos polêmicos que estão em jogo como o das reformas tributária e previdenciária e a discussão sobre o orçamento com contingenciamento de recursos para os estados.
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