A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) rebateu em nota as declarações dadas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre a investigação do esquema do mensalão. O chefe do Ministério Público Federal (MPF) disse na segunda-feira (11) que não haveria o julgamento da Ação Penal 470 sem o órgão. Para delegados, a declaração é desrespeitosa e procura colocar o MPF “acima do bem e do mal”.
De acordo com a nota, houve uma atuação colaborativa nas investigações que resultaram na condenação de 25 pessoas e na comprovação de um esquema que desviou dinheiro público e abasteceu parlamentares da base aliada ao então governo Lula. “No caso específico das investigações que culminaram com a Ação Penal 470, do Mensalão, o que houve foi uma atuação colaborativa, com cada instituição cumprindo com o seu papel, como deve ser feito, em prol da apuração da verdade dos fatos”, diz a nota.
O pano de fundo da discussão é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/11, que atribui exclusivamente à polícia judiciária a competência para a investigação criminal, deixando o Ministério Público de fora. Integrantes do Ministério Público são contra a proposta, enquanto delegados querem acabar, por exemplo, com a possibilidade de promotores fazerem investigações com policiais militares e rodoviários federais.
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A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) lamenta a manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que “sem investigação do MP mensalão acabaria em pizza”. Ela é no mínimo desrespeitosa com os policiais federais, ministros do STF, jornalistas e com a opinião pública, pois ignora a contribuição de cada um para o desfecho da Ação Penal 470.
Ainda sobrou, na nota, uma crítica indireta ao MPF. “Ademais, o Ministério Público tão preocupado em apontar as falhas das outras instituições ainda não mostrou à sociedade sua capacidade de cortar na própria carne na correção e punição transparente dos desvios de condutas de seus próprios membros. Na Polícia Federal se demite e não se aposenta aqueles que traem seu juramento institucional de servir bem a sociedade.”
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