O ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (3) que a delação premiada do senador Delcídio do Amaral é um “conjunto de mentiras”. “Ele queria sair da prisão, mas não queria cassação do mandato. Por isso que ele mentiu”, afirmou. Cardozo disse que a presidente Dilma Rousseff recebeu as denúncias de Delcídio com “indignação”.
O Planalto condenou as informações divulgadas hoje pela revista IstoÉ, que trouxe trechos de uma suposta delação premiada do senador petista. Segundo a publicação, Dilma, Cardozo e Lula tentaram interferir nas ações da Operação Lava Jato. O ex-líder do governo no Senado afirmou que a presidente sabia das operações de Pasadena e que chegou a nomear Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
José Eduardo Cardozo disse que nunca houve interferência do governo nas ações da Polícia Federal e da Justiça durante as investigações da Operação Lava Jato. O ex-ministro acusou Delcídio de estar “unindo o desejo de vingança ao direito de fazer delação premiada” e “mentindo” quanto às afirmações a respeito da Lava Jato.
“No período que estive no Ministério da Justiça, eu já tive 16 ministros nomeados para o STJ, sendo que 14 já foram empossados. Cinco nomeações entre os 11 do STF. Vocês podem procurar cada um desses ministros e indagar se em algum momento eu busquei, ou alguém buscou em nome do governo, algum tipo de negociação para casos concretos”, afirmou em defesa de Marcelo Navarro.
Leia também
Cardozo disse que diariamente Delcídio ia ao seu gabinete no Ministério da Justiça para pedir favores e lhe dar conselhos. Segundo o ministro, o líder do governo tentava orientá-lo a acompanhar mais a fundo as ações da Lava Jato e tentar impedir algumas delações premiadas. “Eu vi que ele não ele não estava defendendo nada que não fosse sua própria sobrevivência. Isso infelizmente aconteceu”, disse Cardozo.
Sobre a acusação de Delcídio de que Dilma sabia das irregularidades da refinaria de Pasadena, Cardozo disse que o senador está usando as mesmas alegações que já foram desmentidas pelo Ministério Público. “As atas mostram que o conselho de administração não sabia das negociações da refinaria. O MP já examinou e arquivou o caso”, declarou.
Deixe um comentário