Reportagem publicada pelo site Buzzfeed afirma que o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ganhou um relógio suíço Patek Philippe, modelo Calatrava, da Odebrecht. A informação, segundo o site, consta dos anexos do acordo para a delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da empreiteira. O presente, dado em 2009, custou US$ 25 mil (o equivalente a R$ 85 mil no câmbio de hoje), diz o Buzzfeed.
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Na época, Geddel era ministro da Integração Nacional do governo Lula. A pasta foi responsável, naquele ano, pela liberação de R$ 35,2 milhões para a Construtora Norberto Odebrecht referentes a obras de implantação do projeto de irrigação Tabuleiros Litorâneos de Parnaíba, executado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).
Segundo o repórter Severino Motta, junto com o relógio Geddel recebeu um cartão de felicitações assinado por Emílio Odebrecht, por seu filho, Marcelo, e pelo ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira Cláudio Filho. Conforme a reportagem, o executivo contou que Geddel recebia repasses regulares da Odebrecht, maior empreiteira do país, sediada em Salvador, mesma cidade do político. Esses repasses, ainda segundo a apuração do Buzzfeed, eram frequentes em períodos eleitorais, na forma de doações de campanhas, e em períodos não eleitorais.
De acordo com o site, o delator afirmou que Geddel tinha o apelido de “Boca de jacaré”, porque, embora recebesse recurso considerável de recursos da empreiteira, sempre pedia mais.
O Buzzfeed não conseguiu localizar Geddel para comentar o assunto. Mas, em entrevista ao Estadão, o ministro chamou o caso de “mentira desavergonhada”, admitiu que conhece Cláudio Filho, mas negou que tenha recebido presente ou recursos não contabilizados. Ele declarou, ainda, que vai aguardar para confirmar o teor da delação do ex-executivo. “A irresponsabilidade não pode chegar a esse ponto para se safar de condenação”, afirmou.
Após deixar o Ministério da Cultura, na última sexta-feira, Calero acusou Geddel de pressioná-lo a liberar, por meio do Iphan, autorização para a construção de um edifício de mais de 100 metros de altura em região tombada pelo patrimônio histórico. O Iphan revogou decisão do Iphan da Bahia, comandado por aliado do ministro, que autorizava a construção do luxuoso prédio. Geddel contou ao ministro que é dono de um imóvel a ser construído no 23º andar.
Apesar da abertura da investigação na Comissão de Ética, Temer resolveu manter o ministro no cargo. Ontem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes de todos os partidos da base governista saíram em defesa de Geddel. O ministro admite ter conversado sobre o assunto com Calero, mas nega ter feito pressão sobre o colega.
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