Novas delações prometem entregar boa parte da cúpula do atual presidente Michel Temer, além dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff. Dessa vez, oito executivos da empreiteira OAS firmaram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Os acordos chegaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa sexta-feira (15) e ainda aguardam homologação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte.
Conforme informação publicada pelo jornal O Globo deste sábado (16), o material é extenso e tem conteúdo comprometedor para aliados de Temer. A empreiteira é uma das acusadas de desviar dinheiro de contratos da Petrobras para pagar propina a políticos. O acordo chegou a Supremo por conter menções a crimes supostamente cometidos por pessoas com direito ao foro privilegiado. Conforme informa a jornalista Carolina Brígido, há ainda a expectativa de que integrantes do Judiciário também tenham sido citados.
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Caso Fachin homologue as delações, a missão de dar andamento às investigações será da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que assumirá o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) a partir de segunda-feira (18), no lugar de Rodrigo Janot. Essa será sua primeira grande tarefa à frente da PGR.
“As negociações acerca da delação da OAS foram marcadas por um vaivém peculiar. Em março de 2016, depois de longa resistência, advogados de Léo Pinheiro e procuradores da Lava-Jato abriram conversas para um eventual acordo. Em junho de 2016, começaram a aparecer no noticiário informações de que a OAS comprometeria, em delação, políticos de vários partidos. Em agosto, depois de vazado à imprensa trecho do pré-acordo, Janot determinou suspensão das negociações”, diz trecho da reportagem.
O material e os nomes dos delatores estão sob segredo de Justiça. No entanto, a reportagem revela que o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, não está nessa leva. Isso porque os depoimentos prestados por ele ainda serão remetidos ao Supremo nos próximos dias. Léo Pinheiro está preso por ordem do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba.
Apesar das especulações sobre os relatos do presidente da empreiteira, um dos seus maiores alvos é o ex-presidente Lula. “Em maio, advogados do executivo apresentaram a Moro uma série de documentos que supostamente comprovariam a execução de obras do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, ambos em São Paulo. Os imóveis teriam sido reformados para o uso do ex-presidente”, diz a reportagem.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro no dia 20 de abril, Léo Pinheiro disse que o ex-presidente Lula o orientou pessoalmente a destruir provas de ilícitos, como propinas, depois de deflagradas as investigações. O empreiteiro comentou as negociações em torno do sítio em Atibaia (SP) que, segundo investigadores, recebeu melhorias pagas com dinheiro desviado do esquema de corrupção que consistia em fraudes na Petrobras.
Léo Pinheiro também detalhou situações incriminatórias para o ex-presidente Lula, como as reformas e pequenas construções em um sítio localizado em Atibaia (SP), frequentemente usado pela família Lula. O empreiteiro também fez referência às tratativas que envolveram um tríplex do Guarujá, região litorânea de São Paulo, em que investigadores suspeitam de ocultação de patrimônio. Lula nega ser dono do sítio ou ter participado de qualquer irregularidade em relação ao imóvel do Guarujá.
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