Edson Sardinha |
O Palácio do Planalto conta os dias que faltam até a proclamação do resultado das eleições de outubro para ampliar sua base no Senado. Confiante no sucesso eleitoral dos partidos que apóiam o governo Lula, a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), admite que estão adiantadas as conversas entre lideranças governistas e parlamentares da oposição para uma nova composição partidária na Casa. Sem poder confiar nos votos dos próprios aliados, o governo articula a ampliação de sua base no Senado. Foi lá que ele sofreu suas duas principais derrotas no Congresso: na derrubada das medidas provisórias dos bingos e do salário mínimo. Apesar de não antecipar nomes, a líder petista sinaliza que o namoro já começou com pefelistas e tucanos que ajudaram o governo em votações anteriores. Leia também “Se houvesse homogeneidade na oposição no Senado, não teríamos aprovado duas reformas constitucionais no ano passado, porque o governo não tem e nunca teve 49 votos aqui. Esses grupos que estão no PFL e no PSDB é que permitem que façamos as negociações, avancemos e aprovemos todas as questões”, diz a senadora. A líder do PT no Senado atribui as recentes dificuldades enfrentadas pelos governistas na votação de projetos considerados prioritários pelo governo, como o das Parcerias Público-Privadas (PPPs), à quebra do discurso dos adversários políticos. “A oposição fez um prognóstico, que não se confirmou, de que nós teríamos dificuldade para federalizar a campanha. Os indicadores econômicos desmentiram as previsões, o país voltou a crescer, com recordes de exportação, diminuição do desemprego e crescimento das transações em conta corrente. Isso tirou o chão e o discurso da oposição”, avalia. MPs atrapalham governistas A senadora reconhece que o volume de medidas provisórias editadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva também contribui para emperrar as negociações com a oposição. A culpa nesse caso, porém, não seria do Executivo, mas da resistência da Câmara em aprovar mudanças na forma de tramitação das MPs. Os deputados engavetaram uma proposta de emenda constitucional aprovada ano passado pelo Senado que prevê a alternância no início da análise das medidas provisórias entre as duas Casas. Com a mudança, a Câmara perde o poder que possui de dar a última palavra sobre o assunto. Apesar de reconhecer que o modelo atual favorece o governo, que possui maioria suficiente entre os deputados para reverter uma decisão incômoda tomada pelos senadores, Ideli considera que a mudança constitucional aliviaria o canal de negociação com a oposição no Senado. “Na Casa em que nós temos mais facilidade para negociar, eles (deputados) têm todo o prazo do mundo para discutir. No Senado, onde temos mais dificuldade para votar, as MPs já chegam trancando a pauta. Essas conveniências não são muito compatíveis com a realidade”, considera. |
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