Fábio Góis
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu nesta segunda-feira (6) um plebiscito que, caso fosse realizado, resultaria no fim do próprio mandato. Em discurso na tribuna de um plenário com cinco ou seis colegas presentes, Cristovam disse que deveria ser realizada uma consulta popular sobre a hipótese de fechamento do Congresso, ou seja, da Câmara e do Senado.
“Eu disse, domingo, numa entrevista na rádio, que a reação é tão grande hoje contra o Parlamento que talvez fosse a hora de fazer um plebiscito para saber se o povo quer ou não que o Parlamento continue aberto”, revelou Cristovam, dizendo ter recebido reclamações por ter suscitado a idéia. “Muitos me criticaram, porque disseram que podia haver, sim, uma votação propondo fechar. Mas e se o povo quiser? O nome disso é golpe? Não, o nome disso não é golpe. Pode até ser equívoco, mas não seria golpe.”
Cristovam disse ainda ter recebido com “alegria” o fato de que também alguns eleitores consideram “absurda a simples idéia de pensar no plebiscito”. “Significa que, apesar de todas as desmoralizações que nós temos, a opinião pública ainda sabe que um Congresso, por piores que sejam seus defeitos, é melhor aberto do que fechado”, discursou, avisando que não apresentaria a proposta formalmente, mas não recuaria da sugestão. Ele acrescentou que faria campanha pela permanência do Congresso.
“Não vou retirar a idéia. Deixo o povo comentar quem é a favor ou contra um plebiscito sobre fechar ou não o Congresso, até porque as razões para fechar não são apenas as dos escândalos; são as razões da inoperância e do fato de que nós estamos hoje em uma situação de total disfunção diante do poder: de um lado das medidas provisórias do Executivo e, de outro, das medidas judiciais do Judiciário”, reclamou o senador pedetista. “Nós somos quase que irrelevantes.”
Made in Brazil
As declarações de Cristovam foram uma espécie de reação não declarada às críticas que recebeu ao projeto de sua autoria, aprovado por unanimidade na semana passada, em plenário, segundo o qual os brasileiros residentes no exterior deveriam ter o direito de escolher um deputado que representasse seus interesses lá fora. O senador disse que recebeu reclamações tanto de senadores quanto de setores da imprensa, acusando o Senado de querer aumentar os gastos públicos com a criação de “boquinhas” no Congresso.
“Quero dizer a esses que dizem que eu, com meu projeto, estou querendo criar ‘boquinhas’, que apenas quatro senadores votaram contra o aumento no número de vereadores [PEC 20/08]. Eu fui um dos quatro”, frisou, lembrando que um deles era o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que assistia ao discurso do colega.
Cristovam disse ainda que, também resposta aos críticos de sua proposta, que o número atual de deputados poderia ser reduzido para viabilizar a tese da representação estrangeira, cada vez mais complicada – partidos com PMDB e PSDB já se manifestaram contra sua aprovação.
“Eu lembro também a esses que tanto criticaram pelo aumento de gastos que há um projeto correndo, do deputado Clodovil, que propõe reduzir para 250 o número de Deputados. Por que não discutimos isso?”, questionou, acrescentando que os brasileiros que moram no exterior são “exilados econômicos” vítimas de uma “diáspora”.
Leia também
Deixe um comentário