Os candidatos à Presidência da República Heloisa Helena (Psol) e Cristovam Buarque (PDT) criticaram ontem (29) o presidente Lula por causa do anúncio das medidas que ampliam o financiamento destinado aos setores coureiro-calçadista, moveleiro e de implementos agrícolas. O anúncio foi feito pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na última sexta-feira, véspera da primeira viagem de Lula como candidato ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região Sul é a mais beneficiada pela decisão do governo.
Heloísa Helena disse que destinar recursos em ano eleitoral "em troca de apoio político" demonstra "irresponsabilidade" por parte do governo. "A partir do momento que o orçamento público passa a ser tratado durante três anos com restrição orçamentária, contigenciamento e não-liberação de verba e em ano eleitoral passa a ter um desvario na liberação de recursos para apoio político, isso demonstra uma irresponsabilidade fiscal, social, administrativa e orçamentária" afirmou Heloisa Helena, que participou de uma caminhada pelas ruas de Osasco, na região metropolitana de São Paulo.
Já na avaliação de Cristovam Buarque, a ampliação é justa, mas deveria ter sido feita há mais tempo. "As pessoas merecem esse dinheiro, o problema é ter esperado quase quatro anos para liberar. Ele sacrificou essa população durante quatro anos e agora vai colocar sobre elas a marca, a pecha de que tiveram seus votos comprados", afirmou o candidato.
Ontem, Cristovam fez caminhada e pediu votos na principal avenida de Ceilândia, a cidade mais populosa do Distrito Federal. O candidato pedetista viajou para o Paraná, onde faz campanha eleitoral. Cristovam percorrerá várias cidades do estado hoje e amanhã.
Lula não deixará de anunciar medidas
O presidente Lula discursou ontem (29) no Rio Grande do Sul e falou sobre a dificuldade de ser candidato e presidente ao mesmo tempo. Declarou que não deixará de anunciar liberação de recursos, mesmo se for acusado de estar fazendo campanha eleitoral, como aconteceu ontem.
Publicidade"Eu queria ter vindo anunciar. Mas achei melhor não e mandei a ministra Dilma (Roussef, da Casa Civil) anunciar sem a minha presença. E quando eu vi a imprensa hoje, trataram o anúncio como se fosse uma questão eleitoreira", disse. "Querem saber de uma coisa? Vou continuar fazendo o que precisa ser feito. Não importa se for sábado, domingo, segunda ou quarta", desabafou Lula.
Durante o discurso, o presidente também afirmou que só Getúlio Vargas fez mais para os pobres do que ele. Disse que Getúlio Vargas foi o responsável pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e que ele fez programas como Pro-Uni (que concede bolsas de estudo para estudantes carentes de instituições particulares de ensino superior), criou novas universidades federais e o seguro agrícola.
Lula estava acompanhado de seus ministros gaúchos: Dilma Roussef, da Casa Civil; Tarso Genro, das Relações Institucionais; Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário; além do ministro da Educação, Fernando Haddad, que é paulista.
Alckmin: "Governo não tem controle sobre gastos"
Em visita a Vitória (ES), o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, voltou a atacar o presidente Lula. Afirmou que o governo petista não tem dado atenção à área da saúde. "Ele (Lula) não conhece a fila dos pronto-socorros do SUS". O ex-governador de São Paulo aproveitou para dizer que "a CPMF é para melhorar a saúde, não para alimentar os sanguessugas", em referência às denúncias envolvendo a chamada máfia das ambulâncias.
"Isso mostra que cada gaveta nova que o governo federal abre tem um escândalo novo. Parece uma história sem fim. Isso mostra que o governo federal não tem controle sobre os gastos públicos", afirmou. Ele defendeu a utilização de pregão eletrônico para compra de ambulâncias e outras aquisições do governo.
Nas ruas de Vitória, Alckmin pediu votos ao lado do ex-prefeito da capital Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e de Ricardo Ferraço, candidato a vice-governador na chapa do governador Paulo Hartung (PMDB), que não apareceu para recepcionar Alckmin.
Hartung, que durante o seu governo recebeu já recebeu mais de R$ 6,6 bilhões em investimentos federais (a maior parte deles, da Petrobras) decidiu se manter neutro na campanha nacional e viajou para local não divulgado por seus assessores. Sobre o assunto, Alckmin afirmou não haver mal-estar e fez elogios ao governo de Hartung. "Política não se obriga, política se conquista", disse o candidato.
Favorito nas pesquisas eleitorais para o governo do estado, Paulo Hartung forçou Luiz Paulo, seu antigo aliado, a abandonar a candidatura ao Senado para abrir caminho em favor do deputado federal Renato Casagrande (PSB). O objetivo era impedir a vitória de um antigo adversário, o ex-deputado federal e ex-governador Max Mauro (PDT), ao qual as pesquisas atribuem vantagem na disputa para o Senado.
Falta dinheiro na campanha de Alckmin
O jornal Folha de S. Paulo informou ontem, em matéria assinada por José Alberto Bombig e Catia Seabra, que o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) "enfrenta dificuldades na arrecadação de recursos financeiros e atrasa o cronograma de distribuição de material propagandístico para os diretórios do partido".
Segundo a reportagem, "o braço responsável pela busca das contribuições sofreu duas baixas nesta semana. Um dos alvos da CPI dos Sanguessugas, o ex-deputado Emerson Kapaz era um dos arrecadadores da campanha de Alckmin, especialmente entre o empresariado paulista".
Kapaz foi afastado da função após ter o nome envolvido no escândalo. A outra baixa decorreu da decisão do vereador paulistano José Aníbal, "com bom trânsito entre o empresariado nacional", de disputar a eleição para a Câmara dos Deputados, deixando assim o comitê financeiro.
Os repórteres dizem que "algo em torno de R$ 5 milhões entraram nos cofres da campanha, mas o partido enfrenta dificuldades para fechar a conta". A matéria acrescenta que "com o fluxo de caixa abaixo do esperado, falta material de propaganda".
Prefeita deixa PSDB para apoiar Lula
A prefeita de Itabaiana (SE), Maria Mendonça, resolveu renunciar ao cargo de presidente do PSDB em Sergipe para apoiar a campanha do presidente Lula e o candidato do PT ao governo do Estado, Marcelo Déda, favorito na sucessão estadual de acordo com as pesquisas eleitorais.
O PSDB integra a coligação que trabalha pela reeleição do governador João Alves Filho (PFL). Em 30 de junho, na convenção estadual do partido, o então presidente do PSDB no estado, Bosco Costa, rompeu com a sigla depois que a legenda decidiu entrar na coligação.
Maria Mendonça contou que resolveu deixar o partido porque, durante as eleições municipais, recebeu Déda em seu palanque. "Muito do que consegui para Itabaiana em minha gestão foi com o apoio da bancada federal, pois do governo do estado não conseguia nada. Seria desleal não apoiar quem me ajudou", alegou.
A prefeita adiantou que não sabe qual será o seu próximo partido. Com a renúncia, assume a presidência do PSDB em Sergipe o prefeito de Macambira, José Carivaldo de Souza.
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