Em nota divulgada nesta segunda-feira (5), a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) diz ser “ficha limpa” e vítima de uma “campanha difamatória” que tem como objetivo, segundo ela, impedi-la de tomar posse no Ministério do Trabalho. No texto (veja a íntegra no fim do texto), Cristiane pede à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, que julgue o mais rápido possível a ação que contesta sua nomeação para a pasta.
“Estou sendo julgada política e não juridicamente. Tenho a ficha limpa. Mas, infelizmente, o meu julgamento superou essa esfera. Preciso que o STF decida essa questão, para que eu possa seguir minha vida política.”
No comunicado, a petebista voltou a alegar inocência na condenação trabalhista que sofreu por causa da contratação irregular de um motorista. Mas não fez qualquer referência às novas denúncias de que pagou a traficantes para que fazer campanha em comunidade dominada pelo tráfico e de que coagiu funcionários quando era secretária municipal a angariarem votos para ela em 2014.
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O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, descartou nesta segunda a possibilidade de o Palácio do Planalto pedir nova indicação ao PTB. “Não existe nada provado, a deputada não tem nenhuma condenação. Não existe nada que efetivamente denigra o nome da deputada nesse sentido”, disse Marun.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que vai entrar com nova ação popular na Justiça Federal do Distrito Federal para tentar barrar a posse de Cristiane. “É um novo pedido de suspensão por novos motivos. Na prática, isso servirá em caso de o STF derrubar o atual impedimento, vamos tentar mais um seguindo o mesmo caminho: primeira instância, segunda instância, STJ e Supremo”, afirmou, por meio de sua assessoria.
Para o senador, é inadmissível que uma suspeita de associação com o tráfico de drogas, representando um estado devastado pela violência, encabece um dos mais altos cargos do Executivo do país. Na ação, que será ajuizada ainda hoje, Randolfe também destacará a denúncia de que a deputada cometeu abuso do poder político e econômico enquanto estava à frente da Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e da Qualidade de Vida, da prefeitura do Rio, extorquindo votos dos servidores, como mostrou a reportagem do Fantástico, da Rede Globo.
Áudio divulgado pelo Fantástico, nesse domingo (4), mostra a cobrança feita pela deputada, nomeada ministra do Trabalho, em uma reunião com cerca de 50 pessoas feita na própria sede da secretaria. “Se eu perder a eleição de deputada federal… Eu preciso de setenta mil votos. Eu fiz quase trinta (mil votos, em 2012, quando foi eleita vereadora no Rio). Agora são setenta mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria (se não for eleita deputada). No outro dia, vocês perdem o emprego”, disse Cristiane.
Veja a íntegra da nota de Cristiane Brasil:
“Venho sofrendo uma campanha difamatória que busca impedir minha posse no Ministério do Trabalho. Peço, respeitosamente, à ministra Cármen Lúcia que julgue o mais rápido possível essa questão, baseada na existência de duas ações trabalhistas que tive no passado. Não devo mais nada à Justiça Trabalhista. Estou sendo julgada política e não juridicamente. Tenho a ficha limpa. Mas, infelizmente, o meu julgamento superou essa esfera. Preciso que o STF decida essa questão, para que eu possa seguir minha vida política. Seguirei não poupando esforços para provar que não cometi nenhuma ilicitude.
Deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ)”
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