Sem dar maiores detalhes, o presidente Lula disse hoje (19) que as declarações do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno – que criticou a demarcação de terras indígenas em Roraima – é fato “superado”. A declaração foi feita na chegada do presidente a Acra, capital ganense, onde Lula discutirá com as autoridades locais possíveis acordos na área da agricultura, saúde e agroenergia. (leia)
Ontem (18), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, se reuniu com Heleno em Brasília, e após uma hora de conversa deu por encerrada a crise iniciada com as declarações do comandante.
Na última quarta-feira (16), Heleno classificou a política indigenista do governo federal de “lamentável” e “caótica”. Ele também defendeu a permanência dos produtores de arroz na reserva Raposa Serra do Sol, no norte de Roraima, argumentando que a quantidade de indígenas na região não seria suficiente para garantir a segurança da fronteira brasileira. A reserva – que fica na divisa com a Venezuela e Guiana – tem 1,8 milhão de hectares e abriga cerca de 15 mil índios das etnias Macuxi, Taurepang, Wapixana e Ingarikó.
Leia também
A homologação da reserva Raposa Serra do Sol, realizada em 2005, pelo presidente Lula, é motivo de disputa entre agricultores e indígenas da região.
O conflito foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu no último dia 9 uma operação da Polícia Federal para a retirada dos produtores de arroz da reserva. Com a liminar, o STF atendeu pedido do governo de Roraima, que alegou que a ação da PF poderia provocar "uma espécie de guerra civil".
O líder da comunidade Macuxi, a maior entre as cinco existentes na região da terra indígena Raposa Serra do Sol (RR), Walter de Oliveira afirma, no entanto, que não há confronto entre os índios da reserva. (leia)
Aumento dos juros
No primeiro dia de visita em Acra, capital ganense, o presidente Lula também comentou o aumento de 0,5% da taxa básica de juros (Selic), realizada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), na última quarta-feira (16). Com o acréscimo, a Selic passou de 11,25% para 11,75% ao ano.
“O Banco Central tem uma visão que, muitas vezes, não combina com setores da produção, que não combina com outros analistas econômicos. Há sempre uma divergência. Eu parto do pressuposto de que cada um de nós tem uma função no Brasil. Se o Banco Central entendeu que neste momento era preciso elevar a taxa de juros para evitar que a inflação se assanhasse, ele tomou essa decisão, vamos aguardar para ver o resultado", afirmou Lula, em entrevista aos jornalistas.
Na ocasião, Lula voltou a defender o uso do bicombustível e fez críticas ao governo norte-americano. “Estados Unidos produzem o etanol daquilo que ele dispõe. Eu gostaria que ele não produzisse, que comprasse do Brasil, da cana-de-açúcar, mas ele não quer, quer produzir, é um problema dele.Certamente que isso reflete no preço de um produto, que é um produto importante para a ração animal, que é o milho”, disse o presidente. “Agora, respeitando a autonomia e a decisão de cada país, o que é recomendável é que a gente produza os biocombustíveis de produtos que não sejam alimento para a população. Esse é o ideal. E nós temos terra, temos tecnologia”,acrescentou. (Erich Decat)
Matéria atualizada às 16h51
Deixe um comentário