O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), acusou ontem integrantes da comissão de politizarem as investigações e atuarem como "assessores" do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. De acordo com o petista, a partidarização pode até impedir que a CPI tenha um relatório final. "No primeiro semestre, quando se restringia ao âmbito parlamentar, a CPI conseguiu produzir um relatório parcial em 50 dias, mas agora pode até acabar sem relatório final", admitiu.
Segundo Biscaia, ao contrário do que alegam representantes da oposição, a Justiça Federal de Mato Grosso e a Polícia Federal não criaram nenhum empecilho para que a CPI obtivesse os documentos referentes ao dossiê contra tucanos. "A partir de 1º de outubro, a disputa política eleitoral se acentuou. Não sou assessor parlamentar de nenhum candidato. Vocês vão ver quais são os assessores do candidato Alckmin", afirmou Biscaia, sem citar nomes.
"Estou registrando e anotando essas condutas. Vocês já viram algum parlamentar estar em Brasília para trabalhar na sexta-feira, no sábado e no domingo?", questionou. No último fim de semana, o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), e o sub-relator de Sistematização, Carlos Sampaio (PSDB-SP), permaneceram em Brasília para analisar documentos com técnicos da comissão.
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Raul Jungmann deu entrevista acusando a Polícia Federal de estar sonegando documentos à CPI e ameaçou entrar com representação no Supremo Tribunal Federal (STF). "Lamento essas declarações do presidente Biscaia. Ele falta com o respeito aos integrantes da CPI, que jamais deixaram de respeitar sua autoridade", reagiu.
Biscaia disse ainda que há "provas seguras e firmes" que comprovam o envolvimento do ex-ministro tucano da Saúde Barjas Negri, prefeito de Piracicaba, com a máfia das ambulâncias. De acordo com o petista, há provas contra o empresário Abel Pereira, ligado a Barjas e acusado de ter recebido propina da Planam.
Oposição desiste de recorrer ao STF em busca de dados
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos sub-relatores da CPI dos Sanguessugas, disse ontem que a comissão não teve acesso ao relatório parcial da Polícia Federal sobre o escândalo do dossiê porque a Justiça teme o uso político do documento. Segundo o parlamentar, o juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso, demonstrou "preocupação" quanto à divulgação de informações do relatório por parlamentares às vésperas do segundo turno da corrida presidencial.
"O juiz está preocupado que, chegando à CPI, o material seja usado com objetivos políticos. Mas precisamos estudar o texto antes de colher três depoimentos no dia 31 de outubro", afirmo Gabeira. Ele disse que a comissão vai pressionar a Justiça para que o documento chegue às mãos dos congressistas.
Ontem, o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungmann (PPS-PE), voltou atrás na sugestão de acionar a Polícia Federal (PF) no Supremo Tribunal Federal (STF) para acelerar a liberação de dados das investigações. "Conversando com integrantes da CPI, eles se inclinaram a dar um pouco mais de tempo", disse.
Os primeiros convocados para falar sobre o caso do dossiê são Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos, presos no último dia 15 de setembro com os R$ 1,7 milhão que seriam usados para a compra dos documentos. Os parlamentares querem ouvir também o ex-assessor de Risco e Mídia da campanha de Lula, Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o articulador da operação de compra do dossiê.
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