O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) apresentou requerimento convocando o presidente do Metrô de São Paulo, José Jorge Fagali, e o secretário dos Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo, José Luiz Portella, para deporem na Comissão de Viação e Transportes da Câmara. De acordo com assessores, o requerimento não será discutido na próxima semana, pois a pauta já estava fechada antes de sua apresentação.
Segundo o petista, uma CPI para verificar irregularidades envolvendo contratos da empresa francesa Alstom e o governo do estado de São Paulo só será instalada em último caso. “Não sou daqueles que instalam CPI por qualquer coisa. Primeiro, quero ouvir o que eles têm para dizer”, defende.
Apesar de acreditar que o mais correto é instaurar uma CPI na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, o parlamentar avalia que dificilmente isso irá acontecer. “Acredito que vão aguardar mais investigações”, diz.
Oposição petista
Zarattini acusa o líder do governo tucano na Assembléia, Barros Munhoz (PSDB), de evitar a instalação da CPI para investigar irregularidades no governo paulista. O deputado rebateu a declaração de Munhoz de que o PT está fazendo uma “tempestade em copo d’água” e usando o episódio para desgastar o PSDB.
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“O líder não tem autoridade para afirmar isso. Eles têm mais de 90 CPIs barradas no estado de São Paulo”, rebateu Zarattini. “E quem fez a denúncia da Alstom não foi nenhum petista”, diz.
Em relação ao suposto envolvimento do senador governista Valdir Raupp (PMDB-RO) e de Adhemar Palloci, diretor financeiro da Eletronorte e irmão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, no esquema da Alstom, o petista afirma que serão cobrados os devidos esclarecimentos. Os dois aparecem numa lista que, segundo a PF, poderia estar associada ao pagamento de propina. “Tem que ser tudo esclarecido. Há uma explicação.”
Investigações
Nesta sexta-feira (16), o Ministério Público Federal de São Paulo anunciou que vai investigar uma possível lavagem de dinheiro e crime de evasão de divisas no Brasil por parte da empresa francesa Alstom.
As investigações, segundo a assessoria de imprensa do órgão, correrão em segredo de justiça e estarão sob o comando do procurador Rodrigo de Grandis. Os primeiros trabalhos do inquérito devem começar nos próximos dias.
Em paralelo, o Ministério Público estadual, desde o dia 7 deste mês, investiga um suposto esquema de pagamento de propina a servidores públicos estaduais. Inicialmente, serão analisadas somente as denúncias ligadas a servidores do Metrô.
De acordo com levantamento apresentado ontem pela liderança do PT na Assembléia paulista, o governo do tucano Geraldo Alckmin foi o que mais realizou contratos com a multinacional francesa. Foram 77 contratos, no valor total de R$ 3,1 bilhões.
No governo de Mário Covas, também do PSDB, foram fechados 40 contratos no valor de R$ 2,3 bilhões. Enquanto os governos do PMDB, de Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho (hoje no PTB), fecharam 20 contratos no total de R$ 1,1 bilhão. (Renata Camargo)
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