O diretor da Divisão de Inteligência do Departamento de Polícia Federal, Daniel Lorenz, disse há pouco que “maledicência” foi a razão que o levou a deslocar as investigações da Operação Satiagraha, sob responsabilidade do delegado Protógenes Queiroz, para uma diretoria sem subordinação à sua.
Segundo Lorenz, Protógenes teria espalhado de forma mal intencionada a informação de que quem teria vazado para a imprensa execução da Satiagraha – até então sigilosa – fora o próprio diretor de Inteligência. Horas antes de ser deflagrada a operação, informações secretas das investigações foram veiculadas em matéria publicada em abril pelo jornal Folha de S.Paulo – o que teria propiciado a um dos alvos da operação, o economista Daniel Dantas, a antecipar movimentações e táticas de defesa.
Segundo Lorenz, o delegado Protógenes teria lançado as supostas inverdades entre os próprios agentes da Polícia Federal, muitos dos quais subordinados ao diretor de Inteligência, causando uma espécie de mal-estar no departamento.
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“Não admito que um policial venha levantar suspeitas contra mim”, bradou o diretor de Inteligência, dizendo estar disposto a levar adiante as investigações para chegar ao responsável pelo vazamento de informações sigilosas ao jornal paulista. “Não admito esse tipo de maledicência”, esbravejou, que deixará o serviço público após 30 anos de atividade, em razão de sua aposentadoria.
Censura velada
Na ocasião, Polícia Federal e Ministério Público Federal solicitaram à Justiça a prisão preventiva da autora da reportagem, a repórter Andrea Michael. A ação foi indeferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Responsável pelo pedido de prisão, o procurador federal Rodrigo De Grandis alegou à época que, por ter tornado públicas informações que corriam em segredo de Justiça, a jornalista teria incorrido em crime de violação de sigilo.
"Expedimos também um mandado de busca e apreensão na casa dela. Isso não foi feito para investigá-la, mas para descobrirmos quem vazou as informações", declarou De Grandis. Tal solicitação também foi negada pela Justiça, sob o argumento de que não havia razões para tomar as medidas contra a jornalista.
Após cerca de cinco horas de reunião, o deputado Luiz Couto (PT-PB), que presidia o depoimento em substituição ao presidente do colegiado, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), encerrou a oitiva desta quarta-feira (15). (Fábio Góis)
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