A revelação de que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do mensalão para o PT, também pagou dívida de campanha eleitoral do senador Eduardo Azeredo (MG), presidente nacional do PSDB, fará com que a CPI dos Correios aprofunde as investigações sobre os tucanos. Valério quitou, com um cheque, dívidas da campanha de reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998, com seu então tesoureiro Cláudio Mourão. O empresário mineiro pagou o débito apenas em 2002.
Embora o senador ainda não tenha sido reconvocado, a CPI dos Correios vai cobrar de Azeredo explicações sobre essa operação. Em julho, quando foi revelado o esquema de caixa dois tucano, Azeredo apresentou-se espontaneamente à comissão e disse que toda contabilidade de sua campanha em 1998 ficava a cargo de Mourão. À CPI dos Correios na última quarta-feira, o tesoureiro da campanha tucana isentou o senador mineiro de qualquer responsabilidade sobre seus atos.
Contudo, reportagem da revista IstoÉ desta semana que o relacionamento entre Mourão, Azeredo e Valério era estreito. Entre abril e outubro de 1998, o então candidato à reeleição ao governo mineiro e o empresário mineiro trocaram 53 telefonemas.
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“Azeredo não pode se negar a dar explicações”, afirmou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), integrante da CPI. “É mais um elemento a indicar que o direito autoral do esquema é do PSDB-PFL. Isso mostra que Azeredo sabia do caixa dois”, disse o deputado Maurício Rands (PT-PE).
Neste final de semana, o presidente do PSDB negou, mais uma vez, que soubesse da existência de caixa dois em sua campanha. Mas admitiu que Valério emprestou dinheiro, com aval dele, para pagar dívidas de campanha. “Foi uma pendência da campanha. Como não havia autorizado, não quis pagar, mas fizemos um acordo. Foi esse o cheque dado em garantia por Valério. Depois, foi feito um empréstimo no Banco Rural, em nome de Walfrido Mares Guia (um dos coordenadores da campanha de Azeredo e atual ministro do Turismo), com meu aval. A dívida foi paga”, contou.
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