A CPI que investigou o maior número de parlamentares do Congresso deve acabar em quase nada. O relatório final, a ser apresentado nos próximos dias pelo senador Amir Lando (PMDB-RO), não deve citar nenhum dos 72 congressistas cujos nomes foram enviados, em agosto, para julgamento nos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado por suspeita de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.
“Não vou fazer menção ao nome de parlamentares”, disse Lando ao jornal O Estado de S. Paulo. Segundo reportagem de Eugênia Lopes, o texto também não vai apontar a origem do R$ 1,75 milhão que seria usado por petistas para a compra do dossiê Vedoin, que conteria denúncias contra tucanos.
“Não temos em momento algum a origem do dinheiro para a compra do dossiê. Se não se descobre a origem do dinheiro, vou dizer o quê? Temos de seguir os passos das investigações da Polícia Federal”, afirma o relator da CPI.
“O relatório final não poderá trazer coisas que não descobrimos. Portanto, não haverá grandes surpresas. O que vai ter é uma conclusão a partir das investigações”, adianta o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI.
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No relatório final, segundo o Estadão, Lando deverá apontar a existência da máfia dos sanguessugas desde o segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O relator deve poupar os ex-ministros da Saúde, sem pedir ao Ministério Público o indiciamento de nenhum dos quatro ex-comandantes da pasta desde 1998 até o ano passado. Nem mesmo o de Barjas Negri (PSDB), cuja ligação com o empresário Abel Braga foi alvo de investigação da CPI. Segundo os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, chefes da quadrilha, Abel teria sido o articulador do esquema no ministério durante a gestão do tucano.
O relator também está com dificuldades de pedir ao Ministério Público o indiciamento dos envolvidos na tentativa de compra do dossiê antitucano. “Qual o crime que eles cometeram? Qual a tipificação que faço?”, indagou Lando.
Relatório preliminar
Em agosto, a CPI aprovou um relatório com os nomes de 69 deputados e três senadores acusados de integrar o esquema de apresentação de emendas ao Orçamento da União para a compra superfaturada de ambulâncias para municípios.
Como o relatório era preliminar, havia a expectativa de que no fim das investigações fosse ampliado, com a inclusão de outros parlamentares. “Não quero mais mexer com isso”, disse o relator. “Os nomes dos parlamentares já estão naquele relatório aprovado lá atrás.”
Dois dos deputados acusados renunciaram. Dos 67 restantes, cinco conseguiram se reeleger. Os três senadores – Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) – foram absolvidos pelo Conselho de Ética. E a maioria dos deputados sanguessugas não deverá sequer ser julgada.
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