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A CPI dos Correios aprovou ontem a convocação do ex-ministro da Casa Civil deputado José Dirceu (PT-SP) para depor. O parlamentar é acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de articular o mensalão, suposto pagamento de mesadas pelo PT a deputados da base aliada. A suposta ligação entre a ex-mulher de Dirceu, Maria Ângela Saragoça, e o empresário Marcos Valério, dono da agência SMP&B e apontado como operador do mensalão, tornou inevitável a convocação do ex-ministro à CPI. Valério intermediou um empréstimo de R$ 42 mil para Maria Ângela no Banco Rural e conseguiu um emprego para ela no banco BMG. Foi nessas instituições que o empresário retirou R$ 30,9 milhões para compor o caixa-dois do PT para custear campanhas, conforme as declarações do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Também era das contas da SMP&B no Banco Rural que supostamente saia o dinheiro do mensalão. Leia também Outra denúncia que também contribuiu para a convocação de Dirceu foi a suspeita de que Roberto Marques, assessor pessoal do ex-ministro, teria sacado R$ 50 mil das contas de Marcos Valério no Banco Rural. O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que além desse episódio, o ex-ministro vai ter de explicar como era feita a distribuição de cargos públicos no governo enquanto ele esteve à frente da Casa Civil. Pizzolato também terá de se explicar A CPI dos Correios ainda aprovou 23 requerimentos de convocação nessa terça-feira. Além de José Dirceu, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto também foi chamado para depor. Ele é acusado de ter recebido R$ 326 mil sacados das contas da DNA, outra empresa de Marcos Valério. A data do depoimento ainda será definida. Outro convocado é o proprietário da Guaranhuns Empreendimentos, José Carlos Batista. Na lista da CPI dos Correios, a empresa está entre os que mais sacaram dinheiro nas contas de Valério. Porém, o endereço da empresa, não há nada além de traves de futebol e um amplo terreno vazio. A votação do requerimento que convoca o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ficou para a próxima reunião. Os membros da comissão avaliaram que, antes de convocá-lo, precisam analisar os documentos apresentados por ele ontem, quando compareceu espontaneamente ao plenário da CPI. Azeredo foi explicar denúncias de existência de caixa dois nas campanhas do PSDB mineiro em 1998. (leia mais) Cerco aos fundos de pensão A CPI adiou para quinta-feira a discussão sobre a quebra de sigilo dos fundos de pensão. Alguns parlamentares querem investigar se há relação entre os investimentos feitos por esses fundos nos bancos Rural e BMG e os empréstimos bancários feitos por Marcos Valério para o PT. O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), assim como seu relator, no entanto, avaliam que o tema deve ser tratado com cautela. “Temos que tomar muito cuidado com quebra de sigilo de fundos de pensão. Eles têm uma participação grande em várias empresas nacionais e estrangeiras, algumas até oriundas da privatização. Precisamos pensar muito bem para não fazer nada equivocado. Qualquer decisão da CPI traz impactos”, alertou. CPIs estudam delimitação de trabalhos O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, reuniu-se ontem à noite com o presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), e com o relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), para definir as competências de cada comissão e estabelecer uma divisão de tarefas. Segundo Serraglio, a linha que divide o campo de atuação e os objetivos de cada uma das CPIs é estreita e por isso a necessidade de trabalhar em conjunto. “São duas CPIs com enfoques próximos, mas que, ao final, se distinguem muito claramente. Decidimos que aquilo que diz respeito à responsabilidade dos parlamentares vai para a CPI do Mensalão. O que for necessário saber de comportamento de parlamentares, mas cuja responsabilização tenha a ver com a administração pública virá para a CPI dos Correios”, explicou. Todas as informações já levantadas pela CPI dos Correios serão compartilhadas com a CPI do Mensalão. Mas, segundo Abi-Ackel, nem todos os depoimentos prestados à CPI dos Correios serão aproveitados. “Algumas pessoas terão que ser ouvidas novamente na CPI do Mensalão”, afirmou. |
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