Uma terceira testemunha – além do caseiro Francenildo dos Santos Costa e do motorista Francisco das Chagas – apareceu e afirmou ter visto o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na companhia de seus ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto em um imóvel alugado em Brasília. Em entrevista a Andrea Michael, da Folha de S. Paulo, o corretor Carlos Magalhães disse que intermediou, em 2003, a locação de uma casa no Setor de Mansões Dom Bosco, bairro nobre de Brasília, para o grupo hoje conhecido como “república de Ribeirão”: Rogério Buratti, Ralf Barquete e Vladimir Poleto, além do próprio Palocci, estariam entre os seus principais integrantes.
Segundo o corretor, o aluguel da casa (R$ 9 mil mensais) e uma parcela de R$ 22 mil que seria destinada à construção de uma quadra de tênis foram pagos pela empreiteira Leão Leão, da qual Buratti foi presidente. Carlos Magalhães disse que o grupo ficou nessa casa durante “uns seis meses”, “até alugarem essa outra (casa, onde trabalha o caseiro Francenildo dos Santos Costa), na QI 1”.
Na entrevista, o corretor conta que não tem mais contato com o caseiro que lá trabalhou no período, “porque ele estava fofocando, falando que o Palocci estava indo lá, que eles estavam levando mulheres”. Esse caseiro, segundo Carlos Magalhães, lhe disse que “o ministro ia lá com freqüência”. “O caseiro dizia, mas uma vez eu cheguei a ver o ministro lá”, assegurou o corretor. A Folha perguntou quando? “Em 2003, não me lembro bem da data. Eu vi o ministro lá umas sete e meia da noite. Eu estava lá e ele chegou.”
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Na ocasião, segundo o corretor, Palocci teria chegado num Omega e o cumprimentou. “Foi muito educado. Aí eles entraram na casa e eu fiquei do lado de fora.”
Buratti nega
O advogado Rogério Buratti disse à Folha que nunca assinou nenhum contrato com o corretor. Confirma que visitou uma casa no setor de mansões Dom Bosco com o corretor, que uma minuta do contrato chegou a ser redigida, mas o negócio não foi adiante. “Nós não chegamos a alugar formalmente a casa. Foi um negócio que não prosperou”, conta Buratti.
Segundo o advogado, o ministro Antonio Palocci nunca foi até o imóvel. O plano inicial, de acordo com ele, era ter um escritório em Brasília a ser compartilhado pela Leão Leão e o empresário Roberto Carlos Kurzweil. Kurzweil confirma a existência do projeto e a idéia de que o contrato fosse assinado em nome de um funcionário seu, mas diz não se lembrar se o documento foi assinado. “O que eu sei é que a casa não foi alugada nem por um dia”, afirma.
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