O corpo do senador Antônio Carlos Magalhães foi enterrado há pouco no cemitério Campo Santo, em Salvador, ao lado de seu filho, Luís Eduardo Magalhães, morto em 1998. Desde a noite de ontem (sexta, dia 20), milhares de pessoas acompanharam o velório de ACM, no Palácio da Aclimação.
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Vários políticos estiveram presentes, com o vice-presidente José Alencar, os presidentes da Câmara e do Senado, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, além de vários governadores, deputados e senadores.
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Nos últimos 50 anos, o médico de formação Antônio Carlos Peixoto de Magalhães foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de Salvador, três vezes governador da Bahia (duas delas por indicação dos militares, durante a ditadura), presidente da Eletrobrás, ministro das Comunicações (durante o governo Sarney, 1985 a 1990) e senador.
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ACM morreu ontem, aos 79 anos, de falência múltipla dos órgãos, em decorrência de problemas cardíacos. Ele ficou internado por 37 dias no hospital Incor, em São Paulo.
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O dia que ACM enfrentou a ‘lurdinha’ no Congresso
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Uma das características de Antonio Carlos Magalhães era sua ousadia. Nos anos de 1960, enquanto era deputado federal, ACM protagonizou um dos momentos mais marcantes da história recente do Congresso, depois que o Legislativo federal foi transferido do Rio de Janeiro para Brasília.
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Na época, o deputado federal Tenório Cavalcanti, do Rio de Janeiro, assombrava os colegas por andar na Câmara com uma temível capa preta. O temor era pelo que ele levava embaixo da roupa: a “lurdinha”, como chamava sua metralhadora – segundo a lenda, porque “falava” como uma costureira.
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Eis que uma certa tarde o jovem Antônio Carlos Magalhães enfrentou o temível Cavalcanti e sua capa preta. Tudo em defesa de um amigo, o então presidente do Banco Central, Clemente Mariani, acusado pelo parlamentar fluminense de desviar verbas. ACM o atacou, chamando-o de “rei da baixada fluminense”.
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E emendou: “Vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão”. Tenório sacou a arma e esbravejou: "Vai morrer agora mesmo!". ACM desafiou: "Atira, seu filho da puta!". Aparteado pela turma do “deixa disso”, Tenório Cavalcanti não atirou.
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Antônio Carlos Magalhães ficou dias sem aparecer no plenário, segundo relato de quem acompanhou o episódio. Já Tenório acabou perdendo a arma e o mandato, ao ser cassado posteriormente pelos militares. (Lucas Ferraz)
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