As contradições e divergências deram o tom da acareação entre ex-dirigentes do Nucleos (fundo de pensão dos funcionários da Eletronucelar) Paulo Roberto de Almeida Figueiredo, Fabiana Carneiro Carnaval e Gildásio Amado Filho promovida nesta sexta-feira pelo sub-relator de Fundos de Pensão da CPI dos Correios, Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
Acusada de ter sido indicada para o cargo de gerente de investimentos do Núcleos (fundo de pensão dos funcionários da Eletronucelar) por ser sobrinha de Haroldo de Almeida Rego – empresário conhecido como Pororoca -, Fabiana Carnaval afirmou que foi escolhida para o cargo após ter apresentado o seu currículo a uma agência de empregos.
Durante a acareação, Paulo Figueiredo declarou aos parlamentares que a escolha de Fabiana atendeu critérios técnicos e que pesou na decisão o fato de ela ter trabalhado na Rede Ferroviária Federal (Refer) e no Banco Icatu. Gildásio Amado Filho desmentiu Fabiana e Figueiredo e afirmou, categoricamente, que depois da nomeação teve informações de que Fabiana era "indicação de Brasília". "Ninguém de Brasília me pediu absolutamente nada", rebateu Figueiredo.
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A acareação pretende esclarecer se Fabiana foi indicada ou não por influência do ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno e se o cargo foi usado para favorecer seu tio e seus primos, Cristian de Almeida Rego, dono da corretora Arbor, e Carlos Eduardo Carneiro Lemos, que também trabalhou no Nucleos.
No decorrer da confrontação, Gildásio Amado Filho e Paulo Figueiredo se desentenderam e deram versões diferentes sobre as relações de Figueiredo com Marcelo Sereno.
PublicidadeAmado Filho contou aos parlamentares que ouviu Figueiredo dizer que se reunia rotineiramente com Sereno para tratar de vários assuntos, inclusive relacionados aos investimentos do Nucleos. "Eu nunca me reuni com Marcelo Sereno para tratar de assuntos do Nucleos", contestou Figueiredo. "Eu não sou próximo de Marcelo Sereno nem do grupo político dele".
O sub-relator ACM Neto disse que, segundo depoimento de Amado Filho, realmente Figueiredo não integrava o grupo político de Marcelo Sereno, mas teria havido uma aproximação posterior.
Amado Filho reafirmou que recebeu solicitação de Marcelo Sereno, por meio de um bilhete, para receber Fernando Barros Teixeira, representante da ASM Asset Management. Figueiredo disse que desconhece o caso, mas que se tivesse recebido o pedido, o atenderia normalmente.
"Dúvidas insanáveis”
A acareação deixou dúvidas “insanáveis”, segundo o sub-relator Antonio Carlos Magalhães Neto. O deputado disse que Paulo Roberto de Almeida Figueiredo, Fabiana Carnaval e Gildásio Amado Filho apresentaram versões conflitantes e não há como saber quem falou a verdade.
Amado Filho afirmou à CPI ter ouvido Figueiredo dizer que se reunia frequentemente com o ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno, que também era Secretário de Comunicação do PT para discutir, entre outros assuntos, investimentos da Nucleos. Figueiredo contestou.
“Eu nunca me reuni com Marcelo Sereno para tratar de assuntos da Núcleos”, rebateu o ex-dirigente. “Eu não sou próximo de Marcelo Sereno nem do grupo político dele”, continuou.
A CPI dos Correios investiga se a Nucleos é um dos fundos de pensão que teriam repassado recursos, por meio de corretoras, para o valerioduto. O dinheiro era supostamente remetido ao caixa dois do PT. Sereno é acusado de interferir nos investimentos desses fundos, para articular o envio dos recursos para as contas de seu partido.
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