Sônia Mossri |
O adiamento da convenção que vai definir o futuro do partido em relação ao governo Lula, marcada para o próximo dia 12, é a única coisa que une o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Por causa da presidência da Casa, os dois senadores travaram uma verdadeira guerra de bastidores ao longo do ano. Sarney já deu como morta a tese da reeleição para mais um mandato e já disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que tem aversão à idéia de ter Renan como seu sucessor. O líder peemedebista ainda luta para ser o próximo presidente do Senado, mas até alguns de seus amigos mais próximos avaliam que essa obsessão pela presidência está indo longe demais. Eles temem que isso acabe lhe conferindo o carimbo de fisiológico. O senador alagoano chegou a coordenar o movimento de obstrução desencadeado pelos deputados peemedebistas na Câmara, durante os últimos 30 dias, para evitar que a emenda da reeleição fosse submetida novamente ao plenário. Leia também O resultado de tanto desgaste é que até mesmo aliados de Renan já trabalham com um terceiro nome para a presidência do Senado. De Gerson Camata (PMDB-ES) a Ramez Tebet (PMDB-MS), o jogo de apostas é variado. Insatisfação na Câmara Ainda ontem, o clima de descontentamento permanecia grande entre os deputados da base aliada. Até agora, reclamam parlamentares do PMDB, o Ministério da Fazenda não teria pago o restante das emendas prometidas, mais de R$ 300 milhões. Aliás, a insatisfação era geral no Congresso. Era difícil diferenciar um parlamentar governista de um integrante da oposição. Os discursos se tornaram semelhantes. O pior é que os afagos do presidente Lula ao PMDB já lhe causam problemas com outros partidos, como o PTB, o PL e o PP. O líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), começou, ontem, a falar também em independência. “Não estamos querendo espaço. Queremos um reforço para nosso ministro (Walfrido Mares Guia, do Turismo). Queremos a liberdade de votar aquilo que achamos que é mais importante. Não é oposição sistemática do PFL nem solidariedade”, disse José Múcio ao Congresso em Foco. Sabedores de que o presidente Lula não conseguirá ser reeleito se não fizer, de fato, um governo de aliança, os partidos da base repetem que desejam o fim do “sectarismo” do PT. Esse “sectarismo” é traduzido pela imposição de assessores petistas a ministros do PMDB, PTB e PL. |
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