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Segundo investigação em curso no país europeu, que repassa as informações ao Brasil, rastreamento em parte da movimentação financeira revelou que apenas uma das quatro contas secretas de Cunha recebeu US$ 1.363.371,80 – montante desviado de uma das fraudes descobertas na Petrobras por meio da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Sem declaração à Receita Federal, o que configura crime previsto em lei, as contas foram abertas em nome de off-shores sediadas em paraísos fiscais. Já investigado pelos suíços por corrupção e lavagem de dinheiro, Cunha passa a ser também suspeito, entre outros crimes, de sonegação fiscal e evasão de divisas.
De acordo com a investigação, Cunha e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, abriram quatro contas secretas no banco suíço Julius Baer, por meio de quatro diferentes off-shores. Nesse caso, a conta tem como número 4548.1602 Orion SP, com sede nas Ilhas Cayman, provavelmente. “A conta de número 4548.6752 está em nome da Netherton Investments Ltda. A conta de número 4546.6857 aparece em nome da Triumph SP. A conta de número 4547.8512 aparece em nome da Kopek, cujo titular é Cláudia Cruz. Três contas foram abertas em 2008 e uma delas, Triumph, em 2007”, diz a reportagem do jornal fluminense.
Ontem (quinta, 8), a edição online de O Globo revelou que duas das quatro contas foram fechadas pouco depois da Lava Jato, deflagrada em março em 2015. Outras duas contas foram bloqueadas em abril deste ano, com saldo de US$ 2.566.121,00 – aproximadamente R$ 10 milhões. A movimentação financeira de Cunha e Cláudia é muito superior a essas cifras, acrescenta o jornal.
“Parte dos extratos bancários indicam que as contas de Cunha e da mulher receberam pelo menos US$ 5,9 milhões, o equivalente a R$ 22 milhões desde que foram abertas. Parte do dinheiro da conta Kopek, US$ 119.795,95 foram gastos em pagamentos na Fundacion Esade, em Barcelona, entre 4 de agosto de 2011 e 15 de fevereiro de 2012. No mesmo período, Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha, fez um MBA na escola”, arremata a reportagem.
Assinatura e caminho do dinheiro
Os desdobramentos das investigações complicam Cunha a cada dia. Bem antes de ser denunciado pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro, devido aos indícios de envolvimento com a corrupção na Petrobras, o deputado negou à CPI da Petrobras, em março, ter obtido qualquer vantagem ilícita ou possuir conta bancária no exterior. Acusado de mentido ao colegiado, o deputado agora deve enfrentar processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara. Partidos como Psol e Rede já se movimentam nesse sentido.
Mais cedo, informações veiculadas pela imprensa revelaram que a assinatura de Cunha foram encontradas em documentos bancários e empresariais a ele atribuídos, de maneira a caracterizar o peemedebista como beneficiários das contas e de seus respectivos valores. O vestígio do vínculo entre o deputado e as contas bancárias integra o conjunto de informações enviados à PGR pelo Ministério Público na Suíça, e configura prova considerada fundamental contra Cunha no âmbito da Lava Jato.
Em outra revelação que compromete Cunha, esta veiculada na edição desta sexta-feira (9) do Jornal Nacional (TV Globo), jornalistas tiveram acesso a documentos com detalhes sobre pagamentos feitos com dinheiro das contas atribuídas ao deputado na Suíça. Segundo a reportagem, feita com base no mapeamento dos recursos. “Em 2011, a Petrobras fechou contrato de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África. Segundo as investigações, o dono do campo de petróleo, Idalécio Oliveira, recebeu US$ 34,5 milhões. Idalécio repassou US$ 10 milhões a João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB. João Henriques, então, distribuiu a propina. Os investigadores dizem que 1,3 milhão de francos suíços foram para uma das contas de Eduardo Cunha em cinco repasses. Cunha, então, distribuiu o dinheiro entre as contas dele e da mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, na Suíça”, informou o Jornal Nacional.
Embora cada vez menos convincente, Cunha tem repetido o discurso feito à CPI da Petrobras. Publicamente, tem sido evasivo ao ser abordado para comentar o assunto, e recorrentemente repassa a tarefa ao advogado. O deputado tem insistido em uma nota, como presidente da Câmara, por meio da qual diz desconhecer o teor das denúncias. “Diante desses fatos causa muita estranheza a divulgação seletiva de notícias visando unicamente constranger o presidente da Câmara, em contrapartida ao silêncio sobre fatos graves que não foram objeto de divulgação alguma. Refutamos a tentativa contínua de transformar o presidente da Câmara no principal foco da investigação”, alega.
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