O trabalho de consultoria que rendeu R$ 2,5 milhões a Luís Cláudio Lula da Silva, filho mais novo do ex-presidente Lula, foi baseado em “meras reproduções de conteúdo disponível na rede mundial de computadores, em especial no site do Wikipedia”. É o que diz relatório da Polícia Federal. Na avaliação dos investigadores, a descoberta reforça as suspeitas de envolvimento da empresa de Luís Cláudio no esquema de compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos com incentivos fiscais. A negociação das MPs é investigada na Operação Zelotes, que mira a atuação de integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda.
As informações são dos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. “Os estudos apresentados pareciam ser de rasa profundidade e complexidade, em total falta de sintonia com os milionários valores pagos”, diz o documento.
Os investigadores identificaram repasses do escritório Marcondes & Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa à empresa LFT Marketing Esportivo, do filho do ex-presidente. As movimentações coincidem com a época em que o lobista Mauro Marcondes Machado, investigado na operação, recebeu R$ 16 milhões de duas empresas interessadas em benefícios fiscais do governo. Por causa da suspeita, o escritório de Luís Cláudio foi alvo de um mandado de busca e apreensão em outubro.
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De acordo com o relatório da PF, outro lobista, Alexandre Paes dos Santos, também investigado na Zelotes, disse que tinha acertado o repasse de R$ 4 milhões para “colaboradores” de Mauro Marcondes para viabilizar o lobby pelas medidas provisórias.
A PF não indiciou Luís Cláudio, mas apura se há indícios de que o filho do ex-presidente tenha participado do esquema. “Essa hipótese, bem como o real propósito desses pagamentos, não foi confirmada até o presente momento, razão pela qual será dada continuidade à investigação em outro inquérito policial em que será analisado todo o material coletado com vista à pela elucidação dos fatos apurados”, afirma os investigadores. Outras 19 pessoas foram indiciadas esta semana.
A Polícia Federal classificou como “vultosos” e um “ponto fora da curva” os valores dos repasses à empresa de Luís Cláudio. A LFT nunca tinha aparecido como prestadora de serviços da empresa de lobby, não possui nenhum funcionário cadastrado nem informa o pagamento de salário ou recolhimento de contribuições previdenciárias de empregados, observa o Estadão.
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