O Brasil vive uma profunda crise política, econômica, institucional, moral, ética e o escambau. As razões são várias: economia mundial em recessão, que repercute na maioria dos países, inclusive no Brasil; descrédito popular nos partidos políticos e nos portadores de mandato, gerando crise de representatividade; e irresponsabilidade de várias instituições, como o Congresso Nacional, Ministério Público e Poder Judiciário. Soma-se a isso tudo uma mídia politicamente parcial e manipuladora.
Sobre a mídia, refaço o comentário de sempre: as TVs, rádios, jornais, revistas e muitos sites são empresas privadas, no caso, de comunicação, portanto têm interesses econômicos, financeiros, comerciais, políticos e outros. Portanto, nessa condição de empresas, jamais, ou raramente, serão isentas. Sempre darão as informações ou notícias de tal maneira que não afete seus lucros ou interesses políticos, éticos, morais, comerciais, econômicos.
Ao contrário do senso comum, nós que fazemos política (coisa que toda pessoa devia fazer) sabemos que é uma atividade que exige tempo, paixão, comprometimento com causas e ideias e uma dose de sacrifício pessoal. Também sabemos que é uma atividade que desperta paixões – e todo apaixonado sempre defende suas causas de maneira acalorada. É isso que gostaria que estivesse ocorrendo no Brasil, mas, infelizmente, a política no nosso país descambou para a intolerância, impossibilitando-nos um debate, mesmo que apaixonado, racional e respeitoso.
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O Brasil nunca serviu de exemplo como organização política. Com exceção dos comunistas (não entrarei no mérito histórico da disputa entre o PCdoB e o PCB), que têm história partidária, do PSB (que nos dois últimos anos descambou) e, mais recentemente, desde 1980, do PT, nenhum outro partido tem história construída em cima de uma ideologia e de um programa. Os demais partidos são sopas de letrinhas que periodicamente se “realfabetizam”.
Sei, tem gente que, ao ler isso, pulou no sofá ou na cadeira, e gritou: e o PSDB? O PMDB?
Existem historicamente no tempo, mas são sopas de letrinhas quando se fala em ideologia e programa. Portanto, vem a pergunta: com que partido e com qual político debater um programa para tirar o Brasil da crise? Sobram poucos.
Certeza tenho: os que provisoriamente ocupam os cargos no governo federal não têm condições legais, e tampouco morais.
Há partidos e, principalmente, políticos que são movidos pela esperança, pelo desejo sincero de mudar, para melhor, a vida das pessoas. São solidários e humanos, não aceitam passivamente o sofrimento alheio. Há também os opostos a eles: são movidos pelo egoísmo, pela defesa dos privilégios e se colocam a favor, apesar de no discurso o negarem, da exclusão da maioria da população. Em geral, esses políticos são contra a democracia. No momento atual não preciso fazer nenhuma lista, cada um sabe a cara que tem.
Sei que estou fazendo uma “classificação” rasa da política e dos políticos, mas é mais ou menos isso que está ocorrendo no Brasil. Nessa tábua rasa, há ainda os políticos que são movidos somente pelo ódio e pelo ressentimento. Esses não pensam na construção da ética, da moralidade e da legalidade, e a eles somente interessa a destruição do outro. Não se preocupam com o futuro. Não se preocupam com a manutenção da democracia e com os direitos humanos. Esses, com o apoio direto ou indireto da mídia e de instituições apodrecidas, estão gerando uma sociedade da intolerância, uma sociedade fascista.
Newton Bignotto, em “O fascismo no horizonte” (revista Cult, nº 212, nas bancas), define que “fascista é aquele que despreza a democracia, faz uso da violência para fazer valer suas ideias e tem horror das camadas mais pobres da população”. Complementa sua ideia afirmando que “esses sinais são visíveis no comportamento de pessoas e grupos que frequentam o cenário político brasileiro atual”.
Novamente, não preciso fazer lista nominal. Os construtores do fascismo estão na mídia, nas instituições (Poder Judiciário, Polícia, Ministério Público e Congresso Nacional) e se alastram na sociedade. São esses construtores do fascismo os que estão trabalhando para dar o golpe na democracia.
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